Durante três dias, o Carnaval de Loulé levou à Avenida José
da Costa Mealha milhares de foliões. Na mesma tónica do que aconteceu nos dois
primeiros dias de festa, a Terça-Feira de Entrudo teve lotação esgotada, mesmo
com a Autarquia a aumentar o recinto neste último dia, assegurando a segurança
do muito público presente. No ano em que se assinalaram 111 anos de existência
do corso «civilizado», o evento voltou a afirmar-se como o maior cartaz
turístico da região e do sul do País nesta época do ano, contribuindo
fortemente para a dinamização da economia local, já que foram muitas as pessoas
que nestes dias passaram pela cidade, aumentando as vendas do comércio, da
restauração e as estadias nas unidades hoteleiras da região.
«Os Descobrimentos - A Grande Geringonça» saiu à rua para
levar ao público a sátira, sobretudo política e desportiva, através de 15
carros alegóricos pensados e criados durante meses e que são o grande atrativo
deste desfile, marcando a diferença em relação aos demais. Dezenas de milhares
de flores deram cor a estes carros tripulados, e que surgiram nesta edição em
formato de embarcações do século XV. Nesta paródia louletana foram homenageados
os monarcas e navegadores responsáveis pelas grandes conquistas marítimas
portuguesas, mas também os heróis lusos da atualidade, como «D. Fernando, O
Conquistador», o selecionador nacional Fernando Santos que foi o grande obreiro
da conquista do Euro 2016, ou «O Eng.º ONU», numa alusão à nomeação de António
Guterres como presidente deste organismo internacional. Destaque também para os
700 figurantes, apeados ou em cima dos carros, entre cinco escolas de samba,
onze grupos de animação em representação de associações do Concelho, um grupo
musical com música ao vivo, uma fanfarra, cabeçudos e gigantones que foram
igualmente os protagonistas da festa.
O corso louletano assume-se também como o «Carnaval mais
internacional de Portugal», não só pelos muitos estrangeiros que aqui se
deslocam para assistir a esta manifestação etnográfica, mas também pelas
nacionalidades dos tripulantes que integram o corso. A par do forte
envolvimento da população local através das 11 associações que tripulam os
carros, é também significativa a adesão da comunidade brasileira residente no
Algarve que, cada vez mais e em maior número, traz um cheirinho da terra do samba
a este corso, mas também a associação DOINA – Associação de Imigrantes Romenos
e Moldavos do Algarve, que junta aqui um pouco da cultura de Leste ao corso. Após
apurar o número total dos visitantes, a Câmara Municipal de Loulé irá
distribuir as receitas arrecadadas pelas IPSS do Concelho e pelos grupos de
animação que participaram no desfile.