António Zambujo proporcionou um dos melhores concertos da edição de 2016 do Festival F, com milhares de pessoas a cantarem os seus temas no recinto das Muralhas de Faro. No próximo dia 15 de abril, o alentejano está de regresso à capital algarvia, desta vez num espaço mais intimista, o Teatro das Figuras, e para uma noite diferente, num tributo especial a Chico Buarque.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Tiago Cação

António Zambujo lançou, em 2016, o seu sétimo álbum de estúdio, um trabalho especial, «Até Pensei Que Fosse Minha», onde interpreta temas de Chico Buarque com o seu cunho pessoal. Após o lançamento, a tournée começou em terras brasileiras, nomeadamente no Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, e o disco saltou, de imediato, para o top 10. De regresso a Portugal, a digressão já incluiu três concertos esgotados no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian e tem datas marcadas para os Coliseus do Porto e Lisboa, mas também na Espanha, França e Reino Unido.
Antes disso, porém, António Zambujo ruma ao Algarve, para um concerto no dia 15 de abril, no Teatro das Figuras, em Faro, a que se segue outro, a 27 de maio, no Centro de Congressos do Arade, em Lagoa. “Serão duas noites inteiramente dedicadas ao Chico Buarque. A música brasileira tem uma influência muito grande em tudo aquilo que eu faço enquanto artista e o Chico Buarque é uma pessoa, um cantor e um compositor que sempre admirei, daí querer prestar-lhe uma humilde homenagem”, conta o entrevistado, reconhecendo que fazer a seleção final dos temas a incluir em «Até Pensei que Fosse Minha» foi uma tarefa bastante complicada. “Com tantos anos de carreira e de coisas boas, o mais difícil foi resumir isso tudo a um disco. Aliás, podia ter feito vários discos que teria ficado plenamente satisfeito com todas as escolhas”, garante.
Um projeto que contou com uma forte participação do próprio Chico Buarque, para surpresa de António Zambujo, admite, com um sorriso. “Quando fazemos um disco para homenagear um músico, não temos intenção de andar a chatear o senhor ou a dar-lhe trabalho, mas ele quis envolver-se diretamente. Canta numa música e ajudou-me bastante na parte da pré-produção. Nada como estar com o criador para tirar algumas dúvidas que iam aparecendo no caminho”, destaca, acrescentando que, como é óbvio, não se trata de um típico disco de covers. “Em todas as músicas há uma apropriação da minha parte para tentar recriá-las com o meu estilo pessoal. Para fazer igual ao Chico, já chega o que ele fez e que é insuperável”.
Esta visão pessoal da obra de Chico Buarque tem sido, entretanto, muito bem recebida pelo público e pela crítica, de tal modo que o disco tem estado no Top 10 desde o seu lançamento e os concertos registam, invariavelmente, lotação esgotada, como é o caso do espetáculo de dia 15 de abril, no Teatro das Figuras. “A aceitação tem sido fantástico, o que me deixa muito contente, claro”, indica, ao mesmo tempo que reconhece que este tipo de concerto não se adapta a todos os recintos. “A partir de junho voltamos a tocar em espaços ao ar livre, com as minhas músicas, como temos feito nestes últimos anos”.
Grandes festivais e feiras que ainda são uma experiência recente para António Zambujo, confessa, o que não o impede de desfrutar imenso quando está em cima do palco. “A adaptação não foi fácil, porque a nossa música encaixa-se melhor em locais mais intimistas, em espaços fechados. Quando fazemos música, o processo criativo é sempre um pouco egoísta, compomos de acordo com o que mais gostamos. Ao mesmo tempo, temos a esperança de que haja mais pessoas que se identifiquem com o nosso produto e, felizmente, cada vez vejo mais público a assistir aos nossos espetáculos”, observa o alentejano, satisfeito por agradar a portugueses de várias gerações, dos mais novos aos mais seniores. “Gosto de perceber as diferentes reações na assistência, porque cada um prefere mais esta ou aquela música. O importante é que as pessoas lá estejam, vou ao Algarve com muito gosto e espero que apreciem o que tenho para lhes mostrar”.