Foram 332 as candidaturas apresentadas ao concurso «7 Maravilhas de Portugal – Aldeias», das quais apenas 49 foram eleitas em sete diferentes categorias: «Aldeias Autênticas», «Aldeias-Monumento», «Aldeias Ribeirinhas», «Aldeias em Áreas Protegidas», «Aldeias Remotas», «Aldeias de Mar» e «Aldeias Rurais». No concelho de Lagoa situa-se a vila de Ferragudo, pré-finalista na categoria de «Aldeias de Mar».

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Município de Lagoa

Localizada junto à foz do Rio Arade, no concelho de Lagoa, Ferragudo foi elevada à categoria de vila a 30 de junho de 1999. A Norte faz fronteira com a freguesia do Parchal, a Sul tem o Oceano Atlântico, a Este encontra-se a Freguesia de Estômbar e, a Oeste, tem o Rio Arade. Com uma área de aproximadamente 5,74 quilómetros quadrados, possui cerca de três mil habitantes.
Ferragudo foi uma zona escolhida por Fenícios, Cartagineses e Romanos, que praticavam a pesca e desenvolveram a indústria da salga do peixe na foz do Rio Arade. Dos Romanos ficou igualmente a arte do mosaico e da numismática. Bem mais tarde, por volta do século XIV, os pescadores começaram a usar este lugar para enfrentar os rigorosos Invernos e assim se foi construindo a presente moldura humana da freguesia.
Corria o ano de 1520 quando a Rainha D. Leonor viu as potencialidades do local e quis oferecer aos seus moradores os meios indispensáveis de segurança que assegurassem a sua continuidade e a fixação de outras pessoas. Assim, concedeu-lhes privilégios idênticos aos dos habitantes de Silves e o Bispo do Algarve foi uma das personalidades que ali se instalaram. É, aliás, ao Bispo de Silves D. Fernando Coutinho que se deve a edificação, entre 1502 e 1537, da muralha que protegia a povoação de Ferragudo, bem como do castelo onde provavelmente residia aquando da sua morte.
No século XVIII, a pesca e a agricultura caminhavam de mãos-dadas e Ferragudo separou-se da freguesia de Estômbar, passando a constituir uma nova freguesia em 1749. Nos campos em redor predominavam a apanha da amêndoa, figo e alfarroba. Com o incremento da indústria conserveira, no início do século XX, Ferragudo cresceu a olhos vistos, disputando mesmo as primeiras posições no mercado nacional das pescas. Contudo, esses tempos áureos findaram com a decadência da indústria, incapaz de acompanhar as novas tecnologias e tornando-se pouco rentável.
Depois da hegemonia da agricultura e pesca, e à semelhança do que sucedeu um pouco por todo o Algarve, a partir da década de 70 do século XX implantou-se o turismo como principal vetor económico, gerando comércio e serviços, bem como pequenas indústrias que coexistiam com a agricultura e a pesca tradicional. A riqueza cultural desta zona foi também acentuada em termos turísticos pelo seu artesanato, de onde se destaca a empreita, a olaria e a doçaria artística.
Com o seu amontoado de casas brancas e ruas estreitas, que desembocam invariavelmente na zona ribeirinha, Ferragudo conserva ainda traços de outros tempos. No passado, ali se realizou a maior feira de gado a sul do país, havia fábricas de conserva de peixe em plena atividade, a manufatura de empreita, entre outros negócios. Agora, porém, são já poucos os pescadores que ainda vão ao mar, assim como são escassos os agricultores que ainda retiram da terra os frutos do seu sustento, pois é o turismo a grande fonte de receitas da vila.
Às maravilhosas praias e às excecionais condições naturais que ali se podem encontrar aliaram-se as vilas, os aldeamentos, entre outras unidades de alojamento, tornando Ferragudo, uma região de reconhecida beleza, num lugar aprazível e ideal para umas férias tranquilas.