O Festival MED anunciou mais quatro nomes nacionais para a edição deste ano, com Hélder Moutinho, Bezegol, Oquestrada e Medeiros/Lucas a subirem ao palco daquele que foi considerado o «Melhor Festival de Média Dimensão» da Península Ibérica nos Iberian Festival Awards e que regressa à Zona Histórica de Loulé nos dias 29 e 30 de junho e 1 e 2 de julho.
O Fado vai estar representado por uma das suas mais importantes vozes, Hélder Moutinho, artista que conta com uma carreira de mais de 20 anos. Da sua família ganhou o gosto natural pelo Fado, crescendo e convivendo desde sempre nos meios mais tradicionais deste género. A sede de cantar levou-o a fazer parte deste universo tão apaixonante. O contacto com Lisboa revela-se inevitável. Depois do mar, é o Tejo quem chama por ele, revelando-lhe a cidade das paixões, das casas de fado, das noites nostálgicas e poéticas que lhe hão-de inspirar a escrita. Na procura de recriar o ambiente das tertúlias de Fados de tempos idos, o seu nome está ainda intimamente ligado ao nascimento de algumas Noites de Fado mais emblemáticas de Lisboa. Tem levado a sua música além-fronteiras, tendo atuado ao longo dos anos em países como Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Holanda, Reino Unido, China, Coreia do Sul, Polónia, Finlândia, Canadá, Rússia e Espanha.


Desde o underground, Bezegol tomou de assalto as rádios e manteve o mesmo respeito e valores pela vida, sem qualquer detenção ou receio, e é hoje um dos grandes «Poetas Urbanos» do panorama musical nacional. Bezegol, porque assim lhe chamam desde miúdo, fruto de um timbre inconfundível e único na música que se faz em português. Durante anos foi presença na noite da cidade invicta até que, em 1995, se mudou para fora de Portugal. Após um interregno de quase cinco anos, Bezegol regressou e faz nascer o seu primeiro registo oficial numa colaboração com Wolfgang Schlögl (Sofa Surfers) editado no álbum de IWolf «Sincerely Yours», pela Klein Records.


De regresso ao Festival MED, onde atuaram na sua 1ª edição, os Oquestrada criaram um swing único e cosmopolita inspirado nas raízes da música portuguesa que faz dançar Portugal no mundo. A descrição é da Comissão do Prémio Nobel da Paz, ao apresentar «os extraordinários Oquestrada» no concerto oficial da cerimónia, sendo o primeiro e único artista português a ser convidado a atuar no prestigiado evento ao lado de nomes como Seal, Jamiroquai, Herbie Hancock, Esperanza Spalding, Florence + The Machine, conquistando assim um marco na história da música portuguesa. «AtlanticBeat Mad’in Portugal» é o novo disco de Oquestrada, que já conquistou adeptos um pouco por toda a Europa. Um disco com muito iodo e brisa atlântica que propõe Portugal como o varandim europeu com a melhor vista para o mundo.


Medeiros/Lucas é o projeto que junta Carlos Medeiros e Pedro Lucas na construção de uma nova topografia da música popular portuguesa é uma das apostas do MED na produção nacional. Dois açorianos cada vez mais desancorados do porto da música tradicional, sem no entanto perderem de vista o referencial cultural que tem insuflado o seu percurso. «Terra do Corpo» é o título-resumo do novo disco, continuação assumida e orgânica do trabalho iniciado com «Mar Aberto» (2015). Se neste Medeiros e Lucas exploravam a ideia de viagem marítima como metáfora das viagens existenciais e da imaginação escapista, em «Terra do Corpo» a dupla vira-se para o corpo físico e para humanismos mais tácteis.
Na base, a dialética entre os textos inéditos de João Pedro Porto e a música original de Pedro Lucas: espaços ora esparsos ora densos, expirações e inspirações, torpores e despertares constroem as paisagens emocionais do Homem, em luta com o seu papel social, a sua dimensão pessoal e sua responsabilidade na construção do presente e futuro das sociedades. O interior e o exterior, o pessoal e o social, o eletrónico e o acústico, o popular e o erudito, a solidão e a pertença, o anonimato e a exposição, o simples e o complexo, o tradicional e o inovador encontram-se, empurram-se, mexem-se, lutam. «Terra do Corpo» é geneticamente político mas sem identificações sectárias, a ser panfletário só se mesmo de um regresso às armas da cultura.