Lagos voltou a realizar uma viagem ao passado, de 27 de
abril a 1 de maio, com o IX Festival dos Descobrimentos, este ano subordinado
ao «Encontro de Culturas na Costa Ocidental Africana». Fruto do tema ser mais
abrangente, o certame possibilitou abordagens mais genéricas sobre a
mentalidade dos portugueses do século XV e as suas motivações económicas e
religiosas que lançaram o país para os Descobrimentos, numa aventura que só a
ambição, o esforço e a inovação tornaram possível.
O evento arrancou, a 27 de abril, com uma conferência onde foram
apresentadas várias palestras com oradores oriundos de diferentes universidades
do país. No dia 28, o grande destaque foi para o Cortejo Histórico, que contou
com a participação da comunidade escolar e dos agrupamentos, das associações e
instituições locais, dedicado ao tema «A Passagem do Cabo Bojador – O
alargamento do horizonte mental». No dia 29, o enfoque foi dado à «Economia – Os
produtos chegados de além-mar» e, no dia 30, «A Europa e a Escravatura» estiveram
na ordem do dia. O último dia do Festival, 1 de maio, tinha como centro «As guerras
do Norte de África – Confrontos com Muçulmanos e outros gentios».
Este ano, a Feira Quinhentista contou com vários polos de
animação, nomeadamente a Praça do Infante e o Jardim da Constituição, a
Caravela Boa Esperança, o Forte Ponta da Bandeira, o Núcleo Museológico Rota da
Escravatura - Mercado de Escravos, a Rua Portas de Portugal e a Praça Gil
Eanes, com inúmeras iniciativas nas áreas da dança, música, workshops,
recriações históricas, demonstrações bélicas e visitas comentadas. Também
muitos estabelecimentos comerciais e de restauração e bebidas se associaram à
recriação de um ambiente medieval personalizando, durante o período da feira, a
sua oferta de produtos e serviços disponibilizados ao cliente.
No dia 29 lembrou-se o Séc. XV, o período de ouro de Lagos.
Como centro do comércio dos produtos exóticos, do marfim, do ouro e da prata de
África, Lagos viu edificarem-se novas igrejas, aumentar o número de casas,
crescer o número de comerciantes e de banqueiros nacionais e estrangeiros.
Porém, foi já ao longo do século XVI, com a chegada à India e o descobrimento do
Brasil, que as riquezas exóticas e de valorização financeira tornaram Portugal
um país rico e excêntrico, sobretudo no reinado de D. Manuel I. Produtos como
Feijão, Milho, Tabaco, Batata e Tomate vieram da América para a Europa. A
Banana, o Amendoim, o Chá e o Café, entre outros, chegaram às capitais
europeias como produtos exóticos e de grande proveito económico para os seus
proprietários e para o desenvolvimento demográfico da população do continente
europeu.
Neste dia, o maior motivo de interesse foi a visita guiada ao
Mercado de Levante e Mercado da Avenida, com ponto de encontro na Caravela Boa
Esperança, mas houve igualmente oportunidade para participar num showcooking de
«Gastronomia dos Descobrimentos», pela Chef Maria José. Muita dança, animação,
teatro e música fizeram as delícias dos milhares de visitantes e, ao serão,
aconteceu uma Ceia Quinhentista, na Escola Secundária Júlio Dantas.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina