Apesar do Turismo ser uma das principais atividades económicas da região, não existem iniciativas regulares que promovam a sua análise, discussão e estudo. Com vista a colmatar esta lacuna, a CCDR Algarve organizou um seminário sob o tema «Turismo, Transporte e Distribuição na Era do Conhecimento», reunindo, num programa ambicioso, representantes do Turismo de Portugal e do Algarve, responsáveis hoteleiros, ficando a representação dos transportes a cargo da ANA Aeroportos.
O foco do evento esteve na apresentação do estudo e relatório sobre «Turismo e Transporte Aéreo em Portugal» efetuada pelo autor Sérgio Palma Brito, e que viria a deixar muitas interrogações sobre as atuais políticas de promoção turística, ao colocar em perspetiva alguns números e factos sobre dados turísticos. Sérgio Palma Brito é, no mínimo, controverso ao defender o alojamento não classificado como sendo uma mais-valia para o Algarve. Neste tópico, o autor vai até mais longe ao considerar pejorativa a sua classificação de «camas paralelas» ou de «alojamento clandestino» pois, para ele, representam o investimento feito por muitas famílias (mais de 100 mil segundo o estudo realizado) tendo em vista um rendimento futuro, estando com isto comprometidas com o desenvolvimento turístico da região. Outro dos tópicos controversos defendidos por Sérgio Palma Brito foi o de considerar que o Algarve apresenta um elevado risco de estagnação no crescimento turístico por falta de atratividade que destinos como Lisboa e Porto possuem.

Mário Ferreira, do grupo Nau Hotels

Na segunda parte das apresentações, Mário Ferreira, do grupo Nau Hotels, mostrou de forma concreta todo o know-how tecnológico e de gestão que atualmente é necessário para gerir de forma eficaz e produtiva as dormidas. Disso é exemplo todo o controlo de preços – ajustados por departamento especializado cinco vezes ao dia – que monitoriza em tempo real não só a procura, como a concorrência, cruzando tudo com taxas de ocupação e previsões. A par de tudo isto existe a gestão considerada essencial nos dias de hoje, e que passa pela miríade de plataformas de distribuição eletrónica existentes (Booking, Expedia, TripAdvisor, etc.) possível de agregar numa só interface, graças ao «channel manager», um software especializado para este fim.

Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, e Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve

O diretor da United Investments, Carlos Leal, que no Algarve detém o emblemático resort Pine Cliffs, destacou uma vez mais a fragilidade da região na época baixa e o perigo de se deixar inebriar pelo atual momento de ouro do crescimento turístico e com isto negligenciar a continuidade do trabalho de investimento no destino. Outro dos aspetos muito reforçado por Carlos Leal e prontamente cimentado por Mário Ferreira, foi a dificuldade de encontrar mão-de-obra qualificada no setor hoteleiro, grande parte ausente no estrangeiro devido às melhores condições de vida, o que pode colocar em perigo o crescimento hoteleiro já a curto prazo.
A fechar o seminário, Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, salientou a necessidade das entidades governamentais reforçarem o apoio à região para que esta possa competir e comunicar de forma eficaz e global junto dos atuais e potenciais mercados turísticos da região.

Texto e Fotografias – Vico Ughetto