O Autor do Mês na Biblioteca Municipal José Mariano Gago é Fernando Campos, falecido no passado mês de abril. Filho do pintor Alberto da Silva Campos, frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Filologia Clássica. Membro da Academia de Ciências de Lisboa, foi professor do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, e é autor de várias obras didáticas e monografias de investigação etimológica e literária, como a antologia «Prosadores Religiosos do Século XVI», «A Redacção», «O Arinteiro de el-Rei» ou «A Vida de S. Teotónio».
Estreou-se como ficcionista aos 62 anos com o romance histórico «A Casa do Pó», cuja ação decorre em finais do século XVI e conta a história das peregrinações de Frei Pantaleão de Aveiro, traçando um panorama da cristandade ocidental e oriental. O livro, muito bem recebido pelo público e pela crítica, levou 11 anos a preparar e inscreveu Fernando Campos na lista dos grandes escritores portugueses. Em 1987, publicou a sátira literária «O Homem da Máquina de Escrever» e o romance «Psiché». Seguiu-se, em 1990, «O Pesadelo de dEus» e, em 1995, «A Esmeralda Partida», sobre a figura de D. João II, que lhe valeu o Prémio Eça de Queiroz.
Em 1998, a vida de Damião de Góis inspirou-lhe novo romance, «A Sala das Perguntas» e, em 1999, lançou o livro de contos «Viagem ao Ponto de Fuga». «A Ponte dos Suspiros» data de 2000 e retrata um jovem D. Sebastião que, por vergonha, vive incógnito como mendigo. Em 2001 publicou «…que o meu pé prende...», voltando dois anos depois à ficção de carácter histórico com «O Prisioneiro da Torre Velha», sobre a vida de D. Francisco Manuel de Melo, soldado, escritor e diplomata que viveu entre 1608 e 1666, durante o período da dinastia filipina.
Em 2005, publicou «O Cavaleiro da Águia», que tem como protagonista D. Gonçalo Mendes da Maia, «o Lidador» e, em 2007, edita «O Lago Azul», retratando a vida dos descendentes de António de Portugal, Prior do Crato. Em 2009, publica «A Loja das Duas Esquinas» e, dois anos mais tarde, vem a lume «A Rocha Branca», revisitando a figura da poetisa grega Safo. Em 2012, lançou uma novela intitulada «Ravengar», tendo como cenário a cidade de Nova Iorque no início do século XX.
Algumas das suas obras estão traduzidas para francês, alemão e italiano. Fernando Campos colaborou, ainda, com o Jornal de Letras, Artes e Ideias, com uma crónica intitulada «Os Trabalhos e os Dias». Morreu no dia 1 de abril, aos 92 anos.