O Centro de Congressos do
Arade recebeu, entre 28 e 30 de abril, a terceira edição do Lagoa Wine Show e
centenas de visitantes puderam desfrutar dos melhores vinhos do Algarve, mas
também de outros pontos do país, mercê da reputação que o certame já alcançou
em tão poucos anos. Vinhos e petiscos que tiveram ainda como aperitivo os
concertos de Luís Represas, Amor Eletro e Dena Derose com a Orquestra de Jazz
do Algarve.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
O «Lagoa Wine Show» já se assumiu como uma das maiores
exposições de vinhos do sul do país, tendo nascido, em 2015, no âmbito do «Ano
do Vinho e a Vinha – Lagoa, Sabor da Cultura». O evento cresceu a olhos vistos
em 2016, ano em que Lagoa ostentou o galardão de «Cidade do Vinho» e a terceira
edição comprovou, definitivamente, a qualidade deste certame, que voltou a ter
lugar, de 28 a 30 de abril, no Centro de Congressos do Arade. Organizado pela Câmara
Municipal de Lagoa, com a colaboração da Associação de Municípios Portugueses
do Vinho, da Região de Turismo do Algarve e da Rota dos Vinhos, ofereceu a
possibilidade dos visitantes provarem vinhos de 70 expositores, num espaço com mais
de três mil metros quadrados.
A par da mostra e local de venda, esteve também em debate o
vinho e toda a sua envolvência, desde a produção e venda até ao consumo,
decorrendo várias provas cegas e outras documentadas abertas ao público, para a
seleção dos vinhos presentes. E, como é costume, as noites foram animadas por muita
música, com os concertos de Luís Represas, Amor Electro e Dena Derose,
acompanhada pela Orquestra de Jazz do Algarve. “Ao longo deste mandato tem sido
feita uma aposta muito grande na dinamização deste setor da nossa economia e da
nossa identidade, enquanto lagoenses. São quatro anos de uma promoção bastante
forte, não só dos vinhos de Lagoa mas, sobretudo, dos vinhos do Algarve e temos
um orgulho imenso no trabalho que tem sido realizado”, frisou Francisco
Martins, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, durante a abertura oficial do
certame.
Como o espaço físico do Centro de Congressos do Arade é
limitado e as inscrições são inúmeras, o edil lagoense referiu que a procura da
excelência tem sido a nota dominante no momento de selecionar os expositores.
“Há muitos produtores de norte a sul de Portugal e queremos que este evento
seja uma referência pela sua qualidade e pela qualidade dos vinhos presentes.
Damos sempre um enfoque maior aos vinhos do Algarve, mas temos expositores de
outras regiões, até por uma questão comercial. Da mesma forma que queremos que
os nossos vinhos ultrapassem as fronteiras do Algarve, estamos recetivos a que
outras regiões venham cá mostrar os seus produtos”, justificou Francisco
Martins. “No Algarve existe uma comunidade estrangeira muito grande, quer
residente, como visitante, e há que dar a conhecer os vinhos de todo o país”.
Visitantes que não são muito difíceis de atrair ao «Lagoa
Wine Show» porque, a par da vertente vitivinícola, existe uma forte componente
gastronómica e de animação, através dos espetáculos musicais com artistas
conceituados. “Não é um evento onde há apenas a banca de cada produtor a vender
os seus vinhos. Durante estes três dias, temos aqui mais um espaço de convívio
e lazer”, considera o autarca, satisfeito por ver que os vinhos algarvios estão
de novo na ribalta. “Há 20 anos, o vinho de Lagoa, depois de ter sido bastante
afamado, já nem sequer servia para temperar a comida, como se dizia. Nos
últimos anos, com a vinda de alguns privados para o concelho e com a aposta em
enólogos, temos assistido a um aumento significativo da qualidade dos nossos
vinhos e a prova disso são os vários prémios nacionais e internacionais que têm
conquistado no passado recente”, sublinha Francisco Martins. “Ainda ontem fui
jantar a um dos nossos restaurantes e, finalmente, já tem três vinhos do
Algarve na sua carta, um de Lagoa e dois de outros concelhos. Antigamente,
notava-se alguma resistência, mas temos trabalhado em conjunto para divulgar os
nossos produtos e diversificar a nossa riqueza”.
A qualidade e pujança dos vinhos algarvios foram igualmente
atestadas por Fernando Severino, Diretor Regional da Agricultura e Pescas do
Algarve. “As quintas do Algarve têm apresentado novas enxertias e castas, em
resultado do trabalho efetuado, desde 2000, para a reconversão deste setor na
região. São mais de três dezenas de quintas a produzir um vinho nobre e de
excelência, pequenas produções, mas muito interessantes em termos
qualitativos”, garantiu, acreditando que deixaram de existir «maus» vinhos no
Algarve. “São novas castas, novos métodos de vinificação e novas adegas que
substituíram o que existia noutros tempos e que, hoje, dão cartas em qualquer
ponto do mundo”.
Fernando Severino salientou ainda a forte complementaridade
entre o vinho, a gastronomia e o turismo, de modo que o Algarve pode crescer
ainda mais neste setor. “Devemos ter à volta de 1500/1600 hectares de vinha, o
sotavento está timidamente a recomeçar, portanto, há uma margem enorme para se
prosseguir com esta reconversão”, indicou, defendendo que a união de produtores
é fundamental para o sucesso global do setor. “Há um leque de 30 e tal adegas
de vinhos de quinta no Algarve e, como é evidente, não é necessário que cada
produtor tenha a sua própria adega. Tem que haver uma união de áreas, no
sentido de existir uma produção conjunta e para se valorizar marcas que se
consigam, depois, impor no mercado”.
O Diretor Regional da Agricultura e Pescas do Algarve
confirmou, também, a presença dos vinhos do Algarve na generalidade das cartas
dos restaurantes e hotéis da região, ainda que a um preço superior ao
desejável, algo que terá que ser normalizado. “É um setor que casa
perfeitamente com a nossa gastronomia e temos falta de produto, pelo que é uma
atividade bastante atrativa para as novas gerações”.