Intensifica-se a preparação
física de Marco Pereira para a Endocaminhada, que levará o algarvio a percorrer
a mítica Estrada Nacional N.º 2, desde Chaves até Faro, de 27 de setembro a 21 de
outubro. Ao todo, são 738 quilómetros a caminhar, de norte a sul de Portugal,
em nome da Endometriose, uma doença pouco conhecida mas que afeta muitas mulheres
portuguesas.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
A partida está marcada para 27 de setembro, na cidade de
Chaves, um dos extremos da Estrada Nacional N.º 2 e, se tudo correr bem, a 21
de outubro Marco Pereira estará a chegar a Faro, culminando, desta forma, um
percurso de 738 quilómetros. É mais um desafio pessoal para um homem que está
habituado a longas caminhadas, entre elas, como não poderia deixar de ser, a
peregrinação até ao Santuário de Fátima. “Gosto de fazer estas caminhadas
longas e, de preferência, em autonomia total, ou seja, com a «casa» às costas.
Normalmente passo as noites em quartéis de bombeiros ou noutros espaços
disponibilizados pelas autarquias e essa componente já foi tratada através da
Associação da Estrada Nacional N.º 2, que abrange os 36 municípios por onde ela
passa”, conta.
Falamos de uma via de comunicação que, de repente, ficou na
moda, graças precisamente ao trabalho desenvolvido pela referida associação,
mas já há largos anos que ela é percorrida de norte a sul, umas vezes de moto,
outras de bicicleta. Marco Pereira vai ser o primeiro a realizar uma caminhada,
de Chaves até Faro, 24 dias de mochila às costas, numa média de 30 quilómetros
por dia. E o projeto está a ser preparado desde outubro de 2016, porque não
basta tomar a decisão e partir para a estrada no dia seguinte. “Sempre quis
caminhar por uma causa solidária, o que, em primeira instância, me dá logo uma
maior responsabilidade, obriga-me mesmo a ir para a frente. Nessa busca
encontrei um grupo bastante interessante em Quarteira, da Endometriose, uma
doença pouco conhecida mas que afeta muitas mulheres”, indica o algarvio.
A Endometriose é uma doença silenciosa, de tal modo que,
muitas vezes, as próprias pacientes não sabem que a têm. É caracterizada pelo
crescimento de tecido endometrial fora do útero, quase metade das
mulheres acometidas sofre de dor pélvica crônica e, em 70 por cento dos casos,
a dor ocorre durante a menstruação. A dor durante as relações sexuais também
é comum e a infertilidade ocorre em até metade das pacientes. Como se adivinha,
a endometriose pode ter efeitos sociais e psicológicos, mas há outros sintomas
menos comuns, podendo afetar o sistema urinários ou intestinal. “São dores que
muitas delas foram habituadas a encarar como normais durante a menstruação ou nas
relações sexuais, mas há casos de mulheres que ficaram paraplégicas, porque a
endometriose lhes afetou a coluna. Uma das maiores consequências é, realmente,
a infertilidade, mas se tiverem conhecimento da doença e fizerem os
tratamentos, podem conseguir engravidar”, explica Marco Pereira.
A seleção da causa solidária foi um dos últimos aspetos a
ser ultimado, mas isso não significa que esteja tudo preparado e a obtenção de
apoios é sempre importante para este tipo de projeto. “Vou levar comigo a marca
«Água de Faro» da FAGAR e há outros empresários locais que vão apoiar a
caminhada, pessoas que me costumam ajudar em eventos que organizo e que
acreditam em mim”, revela o entrevistado, chamando a atenção para o custo do
equipamento necessário para concretizar uma aventura desta envergadura. “Não
estou a pensar gastar muito dinheiro, mas preciso levar vestuário apropriado,
desde as sapatilhas às calças e camisas, e uma mochila adequada. Depois, é a
viagem até Chaves e, no regresso, a logística de comer”, aponta.