Está patente, até 4 de
julho, na sede da Direção Regional do Algarve do Instituto Português do
Desporto e Juventude, a exposição de fotografia «ELOS», de Rebeca P. Martins. A
impressionante mostra de paisagens, rostos e cenas do quotidiano resulta das viagens
da jovem por vários países do continente asiático, mas muito mais material está
guardado, à espera de novas exposições temáticas ou, quiçá, de um livro, porque
a escrita é outra paixão desta licenciada em Ciência Política e Relações
Internacionais.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Rebeca P. Martins
A Galeria de Exposições da Direção Regional do Algarve do
IPDJ, em Faro, recebe, até 4 de julho, «ELOS» de Rebeca P. Martins, uma recolha
de fotografias das viagens pelos quatro cantos do mundo desta açoriana de 28
anos, com raízes beirãs, mas com grande parte da sua vida passada no Algarve.
Fotos que não são as habituais paisagens dos típicos postais turísticos, mas sensações
que decorrem do encontro com o desconhecido, da transversalidade cultural do
belo.
Com formação académica na área da Ciência Política e
Relações Internacionais, desde os 13, 14 anos que acompanha os pais nas viagens
que estes fazem por países mais exóticos e o interesse pela fotografia surgiu
pouco tempo depois. Foi na Índia e no Nepal que tirou as primeiras fotos mais a
sério, já na fase digital, mas sempre com um cuidado especial, nada de apontar
e disparar, apesar de não ter formação específica na matéria. “Não gosto de
tornar demasiado técnico aquilo que faço como hobby, embora tenha perfeita
consciência de que essa opção me impede de ir mais longe na fotografia. Não
excluo a hipótese de tirar um curso, aliás, talvez até já o devesse ter feito,
mas ainda não se proporcionou”, explica, minutos antes da inauguração da
exposição no IPDJ de Faro.
Conforme referido, não são as tradicionais paisagens que
mais chamam a atenção de Rebeca P. Martins, prefere as cenas do quotidiano, as
pessoas, os rostos, e daí surgiu o nome «ELOS» para a mostra. “Cria-se uma
ligação diferente e difícil de explicar com os povos, um sentimento um pouco
utópico e transcendente. Em 2015, quando o terramoto do Nepal destruiu imensas
coisas que eu tinha visitado – e é o meu país preferido – até me vieram as
lágrimas aos olhos. Pensei nas pessoas que fotografei, em todo aquele
património que ficou parcialmente destruído”, conta. “É através das pessoas que
conseguimos compreender o quão diferentes somos das outras culturas mas, ao
mesmo tempo, tudo aquilo que temos em comum”.
O problema é que, depois de visitar 21 países de quatro
continentes, já não é fácil algo captar-lhe realmente a atenção, confessa. “Às
vezes dou por mim a pensar se estarei a visitar países menos interessantes, ou
se as viagens já se tornaram banais. Procuro sempre o diferente e é natural que
algumas coisas vão perdendo o seu fascínio com o decorrer do tempo, como
acontece com os templos budistas ou hindus. É óbvio que não os deixo de
apreciar, mas diminuiu aquela vontade de os fotografar”, refere, algo que
sentiu, em 2016, quando visitou a Índia pela terceira vez.
Outro desafio que se coloca aos fotógrafos, sejam
profissionais ou simplesmente apaixonados por esta arte, é que o mundo se
tornou, de facto, numa aldeia global cada vez mais pequena e, com o advento das
redes sociais, todos os dias somos inundados por fotos de paisagens que, há
algumas décadas, só estávamos habituados a ver na televisão ou em revistas de
viagens. “O que me capta o olhar é o enquadramento, o momento, a sensação que a
cena me transmite. Agora, os pormenores de iluminação, tempos de captura e
afins, já me ultrapassam um pouco. O digital veio facilitar todo este processo,
mas também parece que as pessoas não se divertem enquanto não partilharem o que
estão a fazer na internet”, comenta Rebeca P. Martins.