O Grupo Folclórico de Faro comemora, no dia 10 de junho, o 87.º aniversário, este ano com um sabor especial, uma vez que ganhou, finalmente, a tão ambicionada sede, localizada no primeiro piso do Solar do Capitão-Mor. O mais antigo grupo folclórico do Algarve, e um dos mais categorizados do país, entra, assim, num novo ciclo, com uma maior aposta na escola de acordeão e no grupo infantil.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: José Barros

Era uma aspiração antiga, e legítima, do mais antigo grupo de folclore do Algarve, aquela que se vai concretizar no dia 11 de junho, com a inauguração da sede social do Grupo Folclórico de Faro, no primeiro piso do histórico Solar do Capitão-Mor, um edifício setecentista situado à entrada da capital algarvia. Mas as comemorações do 87.º aniversário começam logo no dia 10 de Junho, com um espetáculo no Jardim Manuel Bívar, onde poderemos assistir, ao vivo, às suas quatro secções: Escola de Acordeão, Cancioneiro, Grupo Infantil e Grupo Adulto.
A Escola de Acordeão do Grupo Folclórico de Faro é uma das novidades mais recentes, sob a orientação do consagrado professor Hermenegildo Guerreiro. Ao Cancioneiro cabe o estudo e recolha da imensa diversidade da música tradicional e dos cantares populares do Algarve. Os mais pequenos iniciam-se no Grupo Folclórico Infantil de Faro, recriando as brincadeiras e danças dos tempos dos seus avós. Finalmente, o grupo de dança adulto é o expoente máximo desta tradição algarvia, com os seus corridinhos, bailes de roda e baile mandado.
Recuando no tempo, o Grupo Folclórico de Faro foi formado, no início dos anos 30 do século passado, por Serafim Carmona e teve como principal impulsionador Henrique Bernardo Ramos, figura carismática do folclore algarvio que liderou o Grupo durante quase quatro décadas. Começou por se chamar Rancho Regional Algarvio ou, simplesmente, Rancho do Algarve, e por lá passaram muitos dos acordeonistas virtuosos que marcaram toda uma geração, nomes como José Ferreiro Pai, António Madeirinha, José Massena Fialho (o «Céguinho da Luz»), José Padeiro, os irmãos Marum, entre muitos outros. As habilidades dos bailadores nas «escovinhas» e «sapateados» fizeram escola em toda a região, com «Pechalhá», «Rabinete», Miguel dos Santos, Leal, «Galinho», Carminho e irmãos Fantasia a destacarem-se na arte de dançar o corridinho.
Nos anos 60, o Grupo voltou a brilhar ao lado da Orquestra Típica de Faro e começou a participar ativamente na animação turística do Algarve. Nos anos 80 e 90, sob a direção de Fernando Fantasia, pisou os palcos dos mais importantes festivais internacionais de folclore. Em 2002, foi distinguido pela Câmara Municipal de Faro com a Medalha de Ouro da Cidade e, em 2014, recebeu a Medalha e o Diploma de Mérito atribuídos pela União das Freguesias de Faro. Um ano depois, foi agraciado com o Prémio Figuras, atribuído pelo Teatro Municipal de Faro, pela realização do FolkFaro – Folclore Internacional Cidade de Faro. E tudo isto a andar constantemente com «a casa às costas», ou seja, sem uma sede social à altura dos seus pergaminhos. “Era um sonho sucessivamente adiado, depois de termos passado por alguns espaços provisórios que eram exíguos para as nossas necessidades. As parcas economias que tínhamos, gastávamos em rendas mas, finalmente, vamos ter uma sede digna, num edifício que diz muito à cidade e que faz parte da identidade de Faro”, afirma Amabélio Pereira, vice-presidente da Direção do Grupo Folclórico de Faro.