A escola da Companhia de Dança do Algarve concluiu o ano letivo 2016/2017 da melhor forma, com um fantástico espetáculo, no dia 24 de junho, no Teatro das Figuras, em Faro, onde ficou bem evidente o porquê destes jovens ganharem tantos prémios nos diversos concursos internacionais em que participam.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O Teatro das Figuras, em Faro, esgotou por completo por ocasião do espetáculo de fim de ano letivo da escola da Companhia de Dança do Algarve, liderada por Evgueni Beliaev, mas os eventos de qualidade são uma constante e os objetivos, para os alunos e professores, são elevados. Por isso, a temporada começou logo em setembro, com «Offline», da responsabilidade de Carolina e Margarida Cantinho e integrado no Festival Dance, Dance, Dance. Em novembro, diversos alunos da CDA rumaram a Paris para participar no «Youth America Grand Prix» e alguns foram mesmo apurados para participar na grande final deste prestigiado concurso internacional, a disputar nos Estados Unidos da América. “Infelizmente, acabaram por não ir porque as datas coincidiram com o concurso «Dançarte» e devido aos elevados encargos financeiros que a deslocação para o outro lado do Atlântico implica”, revela Laura Andrade, com Evgueni Beliaev a confirmar que, face à não existência de apoios estatais, as despesas acabam sempre por recair sobre os ombros dos pais. “Mesmo dentro de Portugal seria difícil ir a tantos concursos se não tivéssemos a ajuda da Câmara Municipal de Faro e de outras entidades no campo dos transportes. Mas ir a Nova Iorque é extremamente caro, porque é preciso estar lá 10 dias”, reforçam os entrevistados.
A par dos convites para participar em concursos internacionais e dos prémios conquistados por estes bailarinos algarvios, também são muitas as bolsas que eles recebem para frequentar cursos e workshops durante o Verão em várias escolas da Europa, mais um investimento exigido às famílias. “São sacrifícios feitos pelas crianças e pelos pais, não só no plano financeiro, mas também das longas horas que passam aqui na escola e noutras atividades de aprimoramento. Só os melhores, os realmente apaixonados pela Dança, é que aguentam”, reconhece Evgueni Beliaev, que teve uma extensa carreira como bailarino profissional na Rússia e um pouco por toda a Europa, antes de se fixar no Algarve. 
Sacrifícios que, depois, são recompensando pelos prémios e eles são, de facto, inúmeros, quase se perde a conta aos troféus conquistados por estes rapazes e raparigas. “É o resultado da força de vontade deles, mas isso não garante que depois tenham sucesso enquanto profissionais, porque tudo depende do que acontece nas audições. Chegas lá e o coreógrafo diz que és muito baixo ou demasiado alto; que és magro ou que tens uns quilos a mais; tu tens técnica clássica e ele prefere contemporânea, ou vice-versa”, descreve o diretor artístico da companhia, recordando que 2016 chegou ao fim com a apresentação do «Quebra-Nozes», com coreografias da sua autoria e das professoras Natalya Abramova e Carolina Cantinho. “Foi a nossa própria visão dessa famosa história e tivemos quatro sessões com lotação esgotada no Teatro das Figuras”, destaca.