O conceito «Smart» instalou-se, de repente, na gestão dos territórios de norte a sul de Portugal. De um momento para o outro, proliferam palavras como «smart regions», «smart cities» e «smart resorts», mas a principal solução informática que torna tudo isto possível já foi criada pela Visualforma há sete anos.

Texto: Daniel Pina  | Fotografia: Daniel Pina

O «Smart» veio para ficar, conforme se comprovou pelo sucesso recente do «Next.mov Smart Region Summit», nos dias 18 e 19 de maio, onde vários responsáveis manifestaram a vontade do Algarve se tornar numa «smart region». Antes disso, já Lagoa tinha assinado um protocolo com uma operadora de telecomunicações para ser uma «Smart City» e, no concelho de Loulé, o empreendimento turístico de Vale do Lobo é o primeiro «Smart Resort» do mundo.
Na base de tudo isto está a «Autarquia 360», desenvolvida pela Visualforma com o intuito de simplificar e desmaterializar processos e, simultaneamente, apelar à participação dos cidadãos na gestão das infraestruturas públicas. Criada há sensivelmente sete anos, são já cerca de 60 as autarquias portuguesas que aplicam esta solução informática, 15 das quais na região algarvia, comprovando a sua orientação para a administração local. “O enquadramento «smart» que se dá às cidades e às regiões tem sido bastante badalado nos últimos três ou quatro anos, mas só há ano e meio, dois anos, é que começaram a ser instaladas soluções concretas. O objetivo é, claramente, dar mais conforto e bem-estar e capacidade de opinião e decisão aos residentes, mas também a quem visita as cidades”, explica Cláudio Martins, Business Manager da Visualforma.
No início destes projetos estão, invariavelmente, a medição e o controlo, sem os quais não se conseguem tomar decisões, seja de quais as estradas a serem remodeladas ou dos locais onde colocar recolhas de lixo seletiva, por exemplo. Antes disso, porém, houve que desenvolver toda a vertente de comunicação entre os munícipes e as câmaras municipais ou juntas de freguesia. “Neste momento existem, em Portugal Continental, 10 projetos de «smart cities» em curso e a Visualforma participa em oito deles. Há, como é natural, alguns mais evoluídos e perfeitamente estabilizados, como é o caso da Câmara Municipal de Loulé com a zona de Vale do Lobo, gerida pela Infralobo”, refere Cláudio Martins.
Para que esta medição e controlo sejam viáveis há que criar uma sala de controlo, a «smart room», onde se pode ver tudo o que está a acontecer no território. “A ideia é sentir o pulsar de uma cidade numa sala e, a partir daí, conseguimos tomar ações no imediato e correlacionadas com os dados que vamos recolhendo, em tempo real e efetuando comparações com períodos homólogos. No Algarve, existem períodos do ano em que a população local aumenta exponencialmente e as infraestruturas têm que ser adaptadas a essas necessidades”, frisa, olhando para o caso concreto da Infralobo. “A gestão das operações é realizada em função de um planeamento que é monitorizado em tempo real, cruzando-se com as ocorrências comunicadas pelos próprios moradores ou turistas”.
Deste modo, qualquer cidadão pode comunicar um buraco numa estrada, uma rutura de água, um acumular de lixo, um candeeiro partido, tirando uma simples fotografia com o telemóvel e enviando-a para a sala de controlo por via de uma aplicação que nem sequer necessita estar instalada no equipamento. Depois da ocorrência ser comunicada, a resposta é imediata, garante Cláudio Martins. “Qualquer pessoa com conhecimentos básicos do seu telemóvel pode reportar algo, a fotografia é automaticamente georreferenciada e diz-nos a que local diz respeito o problema. Na sala de controlo existem operadores a tempo inteiro que confrontam as ocorrências com o planeamento dos trabalhos que estão a decorrer nesse dia e que têm capacidade para movimentar as equipas. Se for uma ocorrência emergente, como uma rutura de água, é deslocado imediatamente um piquete para a zona, porque quem anda no terreno possui smartphones ou tablets e, em tempo real, aparece a ocorrência no seu mapa de tarefas. As rotinas mantêm-se, simplesmente otimizamos os tempos de resposta”, esclarece o entrevistado.