Pelo quarto ano consecutivo, o Centro Histórico de São Brás de Alportel foi anfitrião do «Calçadas – A Arte sai à Rua», no dia 14 de agosto, com um programa recheado de música, dança, poesia, teatro, design, escultura, fotografia, artesanato, doçaria e petiscos. A iniciativa é da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, organizada em parceria com a «Comissão Calçadas», um grupo informal da comunidade são-brasense que voluntariamente se empenha todos os anos na concretização deste evento que também faz parte do Plano de Revitalização do Centro Histórico de São Brás de Alportel.
O «Calçadas 2017» começou com a atuação, no adro da Igreja, do Grupo de Folclore da Casa do Povo de Santa Cruz, do Arquipélago da Madeira e, poucos minutos depois, era a vez dos fadistas César Matoso e Sara Paixão pisarem o Palco Praça Velha, acompanhados pelos virtuosos da guitarra portuguesa e viola, os são-brasenses Ricardo Martins e Nuno Martins. Entretanto, no Palco Vila Adentro, escutava-se a música do grupo «Cante Andarilho», de São Brás de Alportel, que combina a música tradicional portuguesa com as influências da world music. Em simultâneo, no «À do Calçadas», era o duo Luke Redmond e Luís Oliveira que interpretava os seus temas originais.
Com os primeiros artistas da noite em ação, o Centro Histórico de São Brás de Alportel ganhava uma moldura humana cada vez maior, com os residentes e os turistas, nacionais e estrangeiros, a aproveitarem para comprar peças originais de artesanato ou provarem os deliciosos doces regionais, mas também para assistir a diversas manifestações de arte, fosse no Centro de Artes e Ofícios, na Biblioteca Municipal ou no número 7 da Rua Ferreira de Almeida, que acolhia o movimento artístico «Espreitarte» da Peace and Art Society. Mas as ruelas davam a conhecer também a arte ao vivo de Brígida Banha, as Rendas de Bilros ou as «Formas de Arte» nos armários de distribuição de eletricidade.
No Palco Adro da Igreja foi a vez da Escola de Dança Municipal apresentar o trabalho desenvolvido pelos seus alunos, a que se seguiu as atuações da Companhia de Dança do Algarve e do projeto Movingstar. No Palco Praça Velha, o fado deu lugar às histórias do cantautor brasileiro Thomas Bakk e, mais tarde, do músico Fernando Leal. Música trouxe-nos também o irlandês Appo, no Palco Vila Adentro, com a sua voz áspera e temas bens construídos. Este era, aliás, o palco destinado aos ritmos mais mexidos e, já depois da meia-noite, o britânico Daniel Kemish interpretou as canções do seu álbum de estreia «Fools and Money».
Ali bem perto, no «À do Calçadas», atuaram igualmente Botas & Candeias e o DJ Miká, mas outro espaço deu nas vistas por esta hora, o «Calçadinha», onde se escutaram histórias de arrepiar pelas vozes tenebrosas de Maria José Carocinho e Fernando Guerreiro. Outras histórias, mais divertidas, tinham feito as delícias dos pequenotes no Espaço Infantil da Biblioteca, com o espetáculo «Uma escuridão bonita» da Associação Cultural UMCOLETIVO. “É um evento que reúne todas as condições para ser apelativo aos residentes e visitantes, com artesanato e petiscos, músicos e artistas, num ambiente bastante agradável, quase familiar”, observa Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel.
Música e arte em palcos improváveis, pois São Brás de Alportel tem, de facto, muitos espaços que podem ser aproveitados para acontecimentos culturais, reconhece o autarca. “Existem vários recantos no Centro Histórico ideais para música, dança, poesia e o «Calçadas» é uma semente que dá frutos para a economia local, mas também um exemplo do que poderemos vir a fazer no futuro”, frisa Vítor Guerreiro, aproveitando para destacar o empenho dos cidadãos anónimos que compõem a «Comissão Calçadas». “A Câmara Municipal dá todo o apoio necessário, em termos monetários e logísticos, mas quem acaba por fazer o trabalho de seleção dos participantes e de organização do espaço é um grupo informal que tem vindo a juntar diversas pessoas de diferentes sensibilidades artísticas. A nossa comunidade é muito ativa e o mentor do «Calçadas» até é um lisboeta que se mudou para São Brás há cerca de 15 anos, o Rui Medina”, revela, antes de regressar à moldura humana que, por esta hora, já preenchia quase por completo as ruas do Centro Histórico de São Brás de Alportel. 

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina