O Festival de Lucía transformou a vila de Castro Marim num palco de homenagem ao eterno génio da guitarra e mestre absoluto do flamenco contemporâneo, Paco de Lucía. Com edição zero em 2016, o evento alargou-se este ano a novos espaços da vila e decorreu durante os dias 18 e 19 de agosto.
Tomatito, um dos incontornáveis nomes do flamenco, lotou a primeira noite num concerto memorável no Revelim de Santo António, ao qual assistiram cerca de 600 pessoas. Tomatito é um dos mais conceituados músicos de flamenco, tendo atuado ao lado de Paco de Lucia, Elton John e Chick Corea. Participou ainda no filme «O Advogado do Diabo», ao lado de Al Pacino. Em junho de 2004 editou «Aguadulce», que obteve o Grammy Latino 2005 de Melhor Álbum Flamenco. Antes do sublime concerto, Tomatito e Michel Camilo fizeram uma serenata de homenagem à mãe de Paco de Lucía, Luzia Gomes, junto à sua casa, em Monte Francisco. Rodeado por familiares de Paco de Lucía, tocaram a célebre música «Two Much», num momento único e emocionante para os que assistiam a esta memória.


A fadista Mariza, madrinha e embaixadora do Festival de Lucía, encerrou o Festival com um concerto caloroso e emocionante, consolidando esta iniciativa e defendendo alargadas edições. No público, destacaram-se as presenças do cineasta e roteirista espanhol Carlos Saura, do compositor, produtor e guitarrista Javier Limón, produtor do álbum «Mundo» de Mariza e de vários discos de Paco de Lucía, além de vencedor de vários Grammys, do presidente do Montepio, Félix Morgado, entre outras presenças do panorama artístico nacional e espanhol.
Interpretado pela pintura e fotografia de Carlos Saura, o Festival de Lucía compreendeu também a exposição «Memória de Paco de Lucía», na Casa do Sal, dedicada à vida e obra do genial guitarrista, e as enriquecedoras colaborações do jornalista e crítico musical Nuno Galopim, com a masterclass «Eurovisão: O artista e a Promoção da sua Geografia», e do guitarrista e professor de Educação Musical e de Espetáculo e Multimédia Henrique Vieira, com a masterclass «Guitarras do Mundo». Enlaçada ainda com o Festival de Lucía esteve a atuação da «Academia Gracia Diaz», em Altura. A projeção de artistas locais, das mais variadas expressões artísticas, é também uma das forças motrizes deste Festival. 


O Município de Castro Marim é o mentor desta inédita homenagem ao eterno génio da guitarra e mestre absoluto do flamenco contemporâneo. Paco de Lucía (natural da vizinha Andalucia – Algeciras), tinha em Castro Marim as suas raízes, mais concretamente em Monte Francisco, terra que viu a sua mãe, Lucía, nascer. É nesta ligação umbilical que o Festival de Lucía assenta, homenageando uma guitarra de várias linguagens, cruzamentos e matizes, como a que Paço de Lucía habitou o seu público, mas homenageando também as mulheres, através da memória de sua mãe, cuja alegria e semblante lusitano sempre o inspirou. Este é o Paco Português, que dedicou um disco a esta terra «Castro Marin» e à sua mãe.