Albufeira deu mais um passo exemplar na salvaguarda do seu património vernacular ao inaugurar, no dia 20 de agosto, Dia do Município, o Moinho do Cerro do Malpique, com o intuito de continuar a afirmar a sua diferenciação enquanto cidade e concelho. O novo objeto arquitetónico é visível a quem chega a Albufeira pela sua entrada principal e na empreitada não foram esquecidas as tipologias espaciais e construtivas típicas do local. Fica, assim, para as gerações vindouras, não só o património tangível, mas também o imaterial, o conhecimento que está por detrás dos antigos moinhos. “É um exemplar da nossa cultura que foi recuperado, em termos visuais e funcionais, sendo o início de um projeto mais alargado que temos para o Cerro do Malpique”, frisou Carlos Silva e Sousa, presidente da Câmara Municipal de Albufeira.


O novo moinho do Cerro do Malpique resulta da aplicação de um conhecimento ancestral que passou de geração para geração e o objetivo é que se torne em mais um símbolo da capital do turismo algarvio. “Queremos que este seja um cerro cultural, onde se mistura o saber ancestral com o saber contemporâneo, no sentido de aproveitar as energias alternativas, nomeadamente o sol e o vento. Em paralelo, queremos aqui criar um centro educativo e de atração turística e que este parque se torne autossustentável em termos energéticos”, adiantou o edil albufeirense. “É muito importante sabermos de onde viemos e preservamos a nossa cultura e identidade, é isso que nos dá o nosso amor-próprio, a nossa autoestima. Albufeira merece que olhemos com muito cuidado, com «luvas de pelica», para o nosso património. Temos que melhorá-lo, sem nunca perder o seu caráter, porque somos um povo humilde e trabalhador, mas que tem bastante orgulho nas suas raízes”.


Carlos Silva e Sousa revelou igualmente que a Universidade do Algarve vai ser uma parceira importante no projeto que se pretende implementar em todo o Cerro do Malpique, terminando a sua intervenção com a merecida distinção ao homem que transmitiu muito do seu conhecimento para que este moinho se tornasse uma realidade. “O senhor Inácio merece toda a nossa estima, porque deu imensas horas do seu trabalho, de forma absolutamente voluntária, para que estes saberes não se percam na memória”.
A finalizar a cerimónia de inauguração, Paulo Freitas, presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, não poupou elogios à “maravilha arquitetónica e da ciência que nasceu neste local fantástico”. “Albufeira tem património, que tem que ser recuperado, cuidado e tratado, e que deve ser aproveitado por todos nós e por quem nos visita”.   

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina