Foi aprovada em Reunião de Câmara a conclusão do
procedimento da Ponte Romana da Tôr como Imóvel de Interesse Municipal.
Recorde-se que, com a entrada em vigor da nova legislação, a resolução dos
processos respeitantes a classificações como de «Valor Concelhio» iniciados
anteriormente passou a ser uma incumbência municipal e alterada a designação do
seu valor como «Imóveis de Interesse Municipal». Como tal, em maio de 2010, o
Ministério da Cultura remeteu o processo à Câmara de Loulé para concluir os
procedimentos e a sua situação de tramitação.
Segundo os responsáveis da Autarquia louletana, a classificação
da Ponte da Tôr como Imóvel de Interesse Municipal é de grande importância para
preservar o futuro da memória coletiva e do desenvolvimento territorial, bem
como para a valorização de um conjunto de imóveis culturalmente relevantes que
correspondem às obras públicas antigas. A Ponte da Tôr é uma ponte romana sobre
a Ribeira de Algibre, com uma largura, ao centro, de 3,47m, formada por cinco
arcos, o último reconstruído no período medieval. Trata-se, eventualmente, de
uma interessante memória das ligações existentes entre o interior da serra
algarvia e as povoações recolhidas da costa, eventualmente até como elemento
essencial da rede viária que ligava estas aos husun islâmico (o caso de Salir).
Situada num ambiente pitoresco, de grande riqueza
paisagística, a Ponte Romana da Tôr é um monumento a preservar e não escapa às objetivas
dos visitantes que se deslocam para o interior do Concelho à descoberta do
nosso património, da nossa história, das nossas tradições e da nossa cultura do
Barrocal e da Serra. A Ponte sobre a ribeira, assim como todo o espaço
envolvente, constitui um forte motivo de atração para quem deseja descobrir a
parte rural do Concelho de Loulé, designadamente a zona do Barrocal, que hoje
serve de complemento ao turismo do litoral.
A sua construção data da Baixa Idade Média, com técnicas
construtivas inspiradas nas romanas, e a primeira referência conhecida consta
de uma anotação na ata da sessão de 25 de abril de 1410 da vereação de Loulé. Originária
do período romano, tais como as pontes dos Álamos e do Barão, a Ponte da Tôr
tem sido estudada por investigadores que se têm debruçado sobre a presença
romana no Concelho e sobre a conservação do nosso património histórico, dando
assim um inegável contributo para a compreensão da história do local. No
entanto, existe uma discussão dos arqueólogos em torno da origem desta ponte já
que, tal como é citado por Susana Carrusca em «Loulé, o Património Artístico»,
segundo Jorge Alarcão, professor catedrático da Universidade de Coimbra e
especialista da época romana, “embora tradicionalmente tida como obra da fase
islâmica ou mesmo quinhentista, apresenta dois arcos de típica construção
romana”.
Esta ponte apresenta várias siglas medievais no arranque dos
pilares e ostenta nas aduelas, que fecham o arco norte, dois escudos com armas
régias portuguesas com os escudetes laterais deitados. O tabuleiro da ponte
assenta sobre muros de suporte característicos das pontes romanas, mas os muros
desta ponte têm uma dimensão maior, talvez porque esta ponte estivesse sujeita
a grandes cheias, como parece ser o caso.