Lagos comemorou os 442 anos de Elevação a Cidade com algumas iniciativas de caráter cultural e turístico, que incluíram a abertura de duas exposições e a conferência inaugural alusiva ao tema «O Infante D. Henrique e Lagos», integrada no Ciclo de Conferências que a autarquia vai promover durante todo o ano de 2015, dedicado à temática «Os 600 Anos da Conquista de Ceuta». O programa de dois dias contou com a participação de guias-intérpretes, operadores turísticos, representantes de unidades hoteleiras, empresas de animação turística e outras com atuação na área do município e de vários outros convidados e interessados na temática.
O dia 26 de janeiro foi preenchido com uma ação de promoção e divulgação, cujo principal objetivo foi potenciar a capacidade de atração do município enquanto destino turístico, numa ótica de valorização da sua história, da sua cultura, do seu património natural e da sua identidade enquanto cidade dos descobrimentos. A parte da tarde foi dedicada a um passeio pedestre pelo património arquitetónico religioso do centro histórico, cujo ponto alto foi a visita à Igreja de São Sebastião e à sua Capela dos Ossos, desconhecida pela maioria dos participantes.
Durante a manhã, as várias intervenções tiveram lugar no Salão Nobre dos Antigos Paços do Concelho, que acabou por ser pequeno para acolher tanta gente. A edil Maria Joaquina Matos reconheceu que o programa preparado para celebrar esta efeméride foi modesto, mas merecedor do orgulho de todos. “Tenho a certeza de que sairemos, no final destes dois dias, muito mais enriquecidos, assim saibamos apreender todo o conhecimento a que teremos acesso”, frisou a autarca, uma ideia corroborada pela Vereadora com o Pelouro da Cultura, Maria Fernanda Afonso. “O nosso produto «sol e praia» é importantíssimo, mas é sazonal e não permite um desenvolvimento económico durante todo o ano. Por isso é importante saber tirar partido de outras valências como a cultura, o património ou, por exemplo, o turismo da natureza. Estamos agora a apostar e a promover estas vertentes, para que possamos potenciar todos os recursos do nosso Município”, frisou a vereadora.
A primeira intervenção esteve a cargo de João Fernandes, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), que focou a sua abordagem no tema «Património Natural - O Turismo de Natureza». O representante da RTA apresentou alguns dos pontos integrados na visão estratégica daquele organismo para o turismo do Algarve, no período temporal 2015 – 2018, dando a conhecer os principais produtos estratégicos ou elementos diferenciadores e qualificadores da região (nomeadamente, o sol e praia, o golfe, o turismo náutico, o turismo residencial e o de natureza, entre outros). Aproveitou também para apresentar os números de viagens integradas no Turismo de Natureza, na Europa, que em 2011 foi de 16.8 milhões, prevendo-se que aumente para mais de 20 milhões este ano. “Segundo alguns estudos já efetuados, a previsão é que este mercado ligado às experiências com a natureza venha a aumentar bastante nos próximos anos”. A terminar, João Fernandes chamou a atenção para a realização, entre os dias 11 e 19 de abril, da primeira edição da «Algarve Nature Week», iniciativa que o Turismo do Algarve pretende venha a ser uma montra do turismo de natureza junto de operadores do setor e do público em geral.
De seguida foi a vez de Luís Azevedo Rodrigues, diretor executivo do Centro Ciência Viva de Lagos (CCVL), intervir. A apresentação teve como mote «O Centro Ciência Viva de Lagos e as saídas de campo», começando aquele professor por afirmar que o CCVL “assume-se como dinamizador local e regional de uma modificação na oferta turística, um apontar para que o Algarve apresente muito mais do que areia, sol e mar”. “É claro que as saídas de campo de índole geológica têm permitido identificar um novo segmento turístico – o Geoturismo, nomeadamente através da identificação de algumas praias, arribas e outros locais, em resumo, parte do património geológico e paleontológico do Barlavento Algarvio”, afirmou o doutorado em Paleontologia, acrescentando que estas saídas de campo “têm permitido não só às Escolas e aos professores, mas também aos turistas, uma ferramenta para que o partilhar a Ciência não seja uma mera transmissão passiva de conceitos, mas sim a criação de ambientes favoráveis à construção ativa do saber, do saber fazer, e do saber estar no que à preservação do Património Natural diz respeito”.
Para o final da manhã ficou a preleção de Valdemar Coutinho, que falou um pouco sobre o Património Arquitetónico Militar de Lagos. O conhecido historiador e investigador algarvio sublinhou “a elevada importância de várias construções aqui existentes que nos transmitiram uma série de conhecimentos históricos”, nomeadamente as Muralhas de Lagos, a edificação militar que corresponde ao Forte Ponta da Bandeira, o Forte da Meia Praia ou a Janela Manuelina.
No dia 27 de janeiro decorreu a Conferência Inaugural do Ciclo de Conferências que a autarquia vai promover durante todo o ano de 2015 subordinadas à temática «Os 600 Anos da Conquista de Ceuta». O orador convidado, e Coordenador Científico deste Ciclo, foi João Paulo Oliveira e Costa, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa e autor de várias obras, que falou sobre «O Infante D. Henrique e Lagos». O dia foi ainda marcado pela abertura ao público de duas importantes exposições: uma de Pintura de Antero Anastácio, nos Antigos Paços do Concelho e uma Exposição de Banda Desenhada, no Centro Cultural de Lagos, patente até ao dia 11 de abril.