A Câmara Municipal de Loulé e o Campo Arqueológico de Mértola celebraram, no dia 28 de janeiro, em Mértola, um protocolo de cooperação que tem em vista a criação do complexo do Museu e Banhos Islâmicos na Zona Histórica de Loulé. Este protocolo visa dar início a uma colaboração entre as duas instituições e tem por finalidade a realização de consultadoria científica e técnica nas áreas da arqueologia, conservação e restauro e museologia para o desenvolvimento do projeto deste complexo cultural.
Refira-se que este edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé, localizado no interior da «Casa das Bicas», descoberto em 2006, é o único edifício deste género identificado no território nacional. Após as primeiras intervenções arqueológicas, viu a sua importância reconhecida ao nível da comunidade científica e do público em geral e, com o desenrolar das obras de reabilitação do Centro Histórico de Loulé, em 2014 foram postas a nu novas divisões dos Banhos Islâmicos de Loulé. Esta nova descoberta revelou-se de extraordinária importância para a compreensão da planta total do edifício, estando-se perante um dos edifícios de banhos islâmicos mais completos no panorama da arqueologia da Península Ibérica e, nesse sentido, a sua valorização assume um inegável interesse, pelo que a Câmara Municipal de Loulé considera este projeto de extrema relevância para a valorização cultural, patrimonial e também turística da cidade.
Numa altura de “fundamentalismos sinistros”, o arqueólogo Cláudio Torres, diretor Campo Arqueológico de Mértola, sublinhou a importância do sul de Portugal no contexto do estudo do Islão, já que é aqui que se encontram grande parte dos vestígios arqueológicos desta cultura, daí o interesse de muitos estudantes dos países do Norte de África. “Há condições hoje para que o sul de Portugal possa ser uma alternativa bem interessante de colaboração, de interajuda e, principalmente, de formação. Atualmente, o Campo Arqueológico de Mértola – o maior museu de arte referente ao período dos séculos X, XI e sobretudo XII - recebe vários estudantes de diversas universidades como Coimbra, Évora ou Granada, na área dos estudos islâmicos. Mantém ainda um bom relacionamento com três universidades no Norte de África: Al Jadida (Mazagão), em Marrocos, Tizi Uzu, Argélia, Manuba, na Tunísia”.
Por seu turno, Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, lamentou que o mundo se feche nos dias que correm e que a intolerância ganhe terreno, ao nível global. “Mas localmente as coisas andam ao contrário e aqui estamos como resistentes de um tempo e de uma memória. Estou aqui para cumprir o meu papel e dar o meu pequeno contributo. Temos bons parceiros como a Universidade do Algarve, a vossa vasta experiência que é um tesouro da cultura no sul”, afirmou Vítor Aleixo.