Não é futebolista de elite. Não defende as cores do Benfica, Porto ou Sporting. Talvez por isso seja um desconhecido para a maioria dos portugueses. Mas foi Campeão da Europa de K1. E também foi Campeão do Mundo de K1. E até ganhou uma medalha de ouro no Europeu de 2013 da International Federation of Muaythai Amateur, um género de Jogos Olímpicos do Muay-Thai. Apesar disso, continua a trabalhar todos os dias no negócio da família e, quando a oportunidade se proporciona, defende com unhas e dentes as cores da bandeira nacional e traz mais uns títulos para Portugal. Mas, como não é craque da bola, a maioria dos portugueses não sabe quem é Rui Briceno.


Sábado, 16 de maio. Final de tarde, início de noite na vizinha Espanha, em San Pedro de Alcantara, Marbella. Palácio de Deportes a abarrotar de apaixonados de desportos de combate, um cartaz repleto de combates aliciantes e, a cereja no topo do bolo, a disputa do cinturão de Campeão do Mundo de K1 da WKU – World Kickboxing and Karate Union, na categoria de 60Kgs. De um lado o atleta da casa, Salvador Guerrero. Do outro, diretamente de São Bartolomeu de Messines, Rui «Pitbull» Briceno, Campeão da Europa da WKS, Campeão do Mundo da WKA e medalha de ouro na IFMA no Europeu de 2013.
A confiança era muito no canto do algarvio que defende as cores da TOP TEAM de Florin Vintila. Contudo, o azar bate à porta quando menos se espera e Briceno, sabe-se lá como, fica com a canela da perna direita bastante inchada e praticamente inútil para combater. «Não há problema treinador, bato com a esquerda», diz Pitbull mas, depois de entrar no ringue, depressa percebe que as coisas não funcionam bem assim na vida real. Apesar da dor e de ter que alterar por completo a estratégia que tinha preparado juntamente com o treinador, consegue aguentar os cinco rounds de três minutos. Outra coisa não era de esperar de quem conhece este guerreiro, mas a capacidade de sofrimento não ganha pontos no K1 e, depois de feitas as contas, o título de Campeão do Mundo da WKU fica nas mãos de Salvador Guerrero, que não desperdiçou a oportunidade que lhe caiu inesperadamente do céu. Poucos dias depois, sem tempo para lamentos, nem é esse o seu feitio, Rui Briceno já estava a dar aulas à sua turma na Casa do Povo de Messines, mas notava-se algum desalento natural. “Ia confiante que ganhava o combate, porque tive uma das melhores preparações da minha vida. Fiz bem a descida de peso e a recuperação a seguir à pesagem mas, quando cheguei à arena, tinha uma inflamação na perna direita. Nos treinos estava a 100 por cento, não me doía nada, não sei como isso aconteceu e o resultado é que não conseguia bater com a perna direita. Parti logo em desvantagem e perdi aos pontos”, refere o messinense de 28 anos.

Texto e Fotografia: Daniel Pina
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