Um dos mais conceituados chefs da região, José Domingos, criou, em
2014, a Academia de Cozinha do Algarve, depois de constatar que existia no
mercado uma grande procura de cursos e workshops, uns mais abrangentes, outros
mais específicos, da parte dos apaixonados pela arte culinária. Um ano depois,
o experiente formador reconhece que, para além das típicas donas de casa,
também empresários de restauração e, inclusive, chefes de cozinha com largos
anos de experiência, agarraram esta oportunidade para renovarem os seus
conhecimentos, num ramo onde todos os dias surgem novas técnicas de preparação,
utensílios e ingredientes.
Farense à beira dos 50 anos, José Domingos entrou para a
antiga Escola de Hotelaria do Algarve, na Rua do Lethes, tinha apenas 15 anos,
com o intuito de enriquecer os seus conhecimentos, pois já era ajudante de
cozinha no Aeroporto de Faro. Tirada a formação inicial, nunca mais parou de
frequentar cursos e workshops nos 35 anos que já leva de atividade, por saber
que as novidades são constantes e é fundamental que os profissionais se
mantenham atualizados. “O gosto pela cozinha apareceu muito cedo com os meus
pais e, na altura, havia muitas saídas profissionais nesta área, porque o
Algarve estava a ser descoberto pelos turistas de todo o mundo. Contudo, é uma
atividade onde temos que abdicar de fins de semana, noites e feriados e, para
um jovem de 17 anos, era complicado ver os amigos ir para as discotecas e eu
não poder ir. Fiz um interregno porque queria ter outros horários, só que o
mercado de trabalho da época não tinha muitas alternativas. Experimentei várias
coisas mas nenhuma me agradou e acabei por voltar para a cozinha”, recorda, à
conversa nas instalações da Academia de Cozinha do Algarve, em Faro.
José Domingos revela, porém, que dos 25 alunos que fizeram
aquela formação inicial na Escola de Hotelaria, apenas dois ainda permanecem no
ativo, sinal de que nem todos conseguem aguentar os sacrifícios que a profissão
exige. “Só quem tem realmente o bichinho da culinária é que fica, porque os
ordenados também deixaram de ser compatíveis com esse espírito de sacrifício
que um cozinheiro ou chefe de cozinha tem a nível da restauração. Para além
disso, hoje contratam-se estagiários para colmatar falhas nas unidades, em vez
de profissionais experientes, os jovens são quase escravizados e acabam por
desistir. No meu tempo era diferente. Éramos bem pagos e havia autênticas
brigadas de cozinha em que cada um tinha as suas funções”, compara.Entrevista: Daniel Pina
Leia a entrevista completa em:
http://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__12