Ao longo dos últimos meses foi possível encontrar Tânia Silva em diversos palcos e salas de espetáculo do Algarve, fosse em peças de teatro mais tradicionais como «À Espera de Godot», em espetáculos a pensar na formação dos mais jovens como «O Silêncio de Sara» ou em apresentações do disco «O Mar ao Fundo» que gravou com Afonso Dias. Pelo meio, também tem acumulado participações em alguns filmes gravados em terras algarvias. Várias facetas artísticas de uma farense que, curiosamente, tirou uma licenciatura em Economia mas que, na hora da verdade, não conseguiu fugir ao chamamento do palco.


Chegar à conversa com Tânia Silva foi mais complicado do que inicialmente esperado, já que a farense de 36 anos tinha a agenda sobrecarregada com atuações das peças «O Silêncio de Sara» e «À Espera de Godot» e as apresentações do álbum «O Mar ao Fundo» de Afonso Dias. Finalmente, nos primeiros dias de junho, os compromissos profissionais abrandaram um pouco e assim ficamos a saber que a atriz fez todos os estudos em Faro e até se licenciou em Economia pela Universidade do Algarve. Contudo, não eram os números e as teses economicistas que lhe faziam bater mais forte o coração, daí ter tirado uma especialização em Teatro, também na UAlg, e um curso profissional na ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve.
Não se pense, todavia, que a mudança de rumo de vida foi um impulso do momento ou uma decisão tomada em cima do joelho, pois Tânia Silva começou a participar em peças de teatro logo no secundário. “Nunca tive aquele sonho de criança de, quando fosse grande, querer ser apenas uma coisa, antes pelo contrário, queria ser professora, médica, bailarina. Foi só no 9.º ano, a ver uma peça do Gil Vicente na escola, que percebi que era aquilo que pretendia fazer, transmitir mensagens como aquelas pessoas em cima do palco”, recorda. Porém, ainda jovem e sem ter certezas absolutas sobre nada, acabou por seguir a área de economia no 10.º ano, embora integrasse, a partir daquela altura, o grupo de teatro amador «Os Tretas», do Liceu João de Deus, coordenado por Pedro Monteiro.
Como na família não havia ninguém ligado diretamente à arte que lhe pudesse dar algumas luzes mais concretas, quando chegou a hora de escolher um curso superior, a balança acabou por pender para o lado da Economia, para o lado mais fácil e seguro, admite a entrevistada. “Não me arrependo da escolha que fiz e assumi sempre que seria para levar até ao fim o curso mas, no fim dos quatro anos, não consegui resistir mais ao chamamento da minha essência. Continuava com «Os Tretas», que deixou de ser um simples grupo de escola, porque tinha necessidade de fazer teatro e os meus pais sempre me apoiaram. Diziam que a vida era minha e que eu tinha que me sentir feliz com o que fazia no dia-a-dia. Nunca me disseram que o teatro, se calhar, não me ia dar uma vida estável e segura e que era melhor seguir por outro caminho”, destaca Tânia Silva.

Texto e Fotografia: Daniel Pina
Leia a entrevista completa em:
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