No centro histórico de Faro encontra-se o Restaurante Tertúlia Algarvia, espaço que procura aliar a vertente gastronómica à história e cultura da região. Contudo, o restaurante é apenas a face mais visível de uma associação dedicada a diversas atividades, desde a formação de profissionais à organização de workshops, da criação de conteúdos multimédia em torno da gastronomia, à divulgação de receitas típicas. O percurso foi, porém, bastante acidentado, pois apanhou o pico da crise económica e financeira, a introdução de portagens na Via do Infante e o aumento do IVA da restauração dos 13 para 23 por cento. Apesar disso, ninguém nega o sucesso do projeto e o futuro passa pela abertura de novos espaços e o aumento da componente de formação.


A história da Tertúlia Algarvia começa, em 2005, dos encontros de um grupo de cerca de 15 empresários para pequenos-almoços madrugadores, pelas 6h30, no Hotel Ibis, em Faro, com o intuito de descobrir o que podiam fazer em conjunto para alavancar o gosto comum que tinham pela gastronomia, história e cultura do Algarve. Dos encontros informais surge a decisão de criar a Associação Tertúlia Algarvia – Centro de Conhecimento em Cultura e Alimentação Tradicional do Algarve, e um dos objetivos principais foi, desde logo, desenvolver espaços temáticos permanentes de divulgação da gastronomia, cultura e histórias algarvias. “Havia a noção de que, quando se recebia um grupo de turistas estrangeiros, era necessário levá-los a diversos locais para que ficassem com uma imagem abrangente da região. Tinham que ir a um restaurante para provarem a nossa comida típica, a um centro histórico para visitarem monumentos, e por aí adiante”, explica João Amaro, presidente da Direção da Associação Tertúlia Algarvia. “A ideia era encontrarem gastronomia, artes e ofícios e património histórico tudo no mesmo local”, acrescenta o empresário.
A associação nasce formalmente em 2006 e as características desejadas para o primeiro espaço são concretizadas numa folha de papel: combinar o rústico com o inovador, representar bem a gastronomia e artes & ofícios, possuir uma componente de restauração, mas também de formação, entre outros aspetos. “Essa folha A4 foi entregue a uma equipa de três jovens arquitetos, liderados pelo Gonçalo Vargas, que fizeram um estudo sobre a arquitetura tradicional do Algarve e nos apresentaram um estudo prévio do primeiro espaço, ainda que sem uma localização definida. Era uma coisa muito bonita, mas também bastante grande, com cinco mil metros quadrados, uma sala de refeições por cada concelho do Algarve, uma academia de formação, uma residência para chefes de cozinha, um auditório ao ar livre. Com esse estudo prémio, elaboramos igualmente o primeiro plano de negócios, no âmbito de uma cadeira de final de curso de Gestão Hoteleira de um dos associados iniciais da Tertúlia”, relata João Amaro.

Entrevista: Daniel Pina