Reza a história que, quase a terminar o mês
de Agosto, a vila de Castro Marim embarca numa viagem rumo à Idade Média. O
castelo no alto da colina ganha uma vida própria, as ruas transfiguram-se, as
gentes desta simpática terra do sotavento algarvio vestem-se a rigor, escuta-se
música ao virar de cada esquina, os miúdos entretêm-se com brincadeiras de
outros tempos, os senhores feudais passeiam com as suas donzelas, os homens do
clero e os cruzados asseguram-se que os pagãos não se aproximam da vila e, lá do
alto, a realeza e os nobres mais favorecidos lançam olhares em direção ao
infinito sobre as suas terras e vassalos. Cinco dias depois, logo de manhãzinha
na segunda-feira, o despertador toca, o sonho esfuma-se pelos dedos e Castro
Marim regressa à normalidade, mas os comerciantes e dirigentes associativos
asseguraram, graças às dezenas de milhares de turistas que visitam os Dias
Medievais de Castro Marim, fundos para manterem a sua atividade por mais um
ano. E das janelas do primeiro andar, a equipa liderada por Francisco Amaral
sorri com o sentimento de missão cumprida. Sorriem, mas não cruzam os braços,
porque é tempo de começar a preparar a edição do próximo ano.
A 18ª edição dos Dias Medievais de Castro Marim ofereceu cinco
dias de magia e rigor histórico a muitos milhares de turistas, nacionais e
estrangeiros, que visitaram a vila de Castro Marim de 26 a 30 de agosto, num
ano que contou com algumas novidades. Pela primeira vez com a duração de cinco
dias, verificou-se igualmente o alargamento da Feira Medieval à zona nascente
da vila, bem como a cobrança de entrada no recinto, mas que são dois euros (ou
seis com acesso ao castelo) quando em troca se parte numa autêntica e genuína
viagem ao passado? Quando se percorrem ruas em tudo semelhantes às de há
séculos atrás? Quando se assiste à azáfama dos burgueses, que apregoam em alta
voz os seus artigos? Quando se escuta música medieval de excelente qualidade,
interpretada pelos melhores grupos do género da Europa? Quando se assiste a um
contínuo desfilar de malabaristas e saltimbancos que deixam os nossos filhos de
sorrisos rasgados nos rostos? Quando se saboreiam os petiscos e doces do
passado, esquecendo, por alguns dias, essas coisas modernas de dietas?
Bem mais cara é uma ida ao cinema de hora e meia ou duas horas e, por muito bom que seja o filme, o espetador está sentado confortavelmente na cadeira, a comer umas pipocas, antes de regressar a casa depois de mais uma experiência igual a tantas outras. E ir aos Dias Medievais de Castro Marim não é, disso temos a certeza, uma experiência que se possa repetir muitas vezes na vida. É verdade que os bancos de madeira no interior do castelo, mesmo os do banquete real, não são tão acolchoados e ergonómicos. É verdade que o acesso ao castelo dá algumas dores de cabeça às senhoras que para ali vão de sapatos de salto alto e até mesmo alguns homens chegam ao fim da íngreme subida a tentar recuperar o fôlego. Também é verdade que não há escadas rolantes para se subir despreocupadamente com os carrinhos de bebé. Mas essa é a beleza do evento, o sentir as dificuldades, ou melhor dizendo, a inexistência de alguns confortos que tomamos como garantidos no nosso dia-a-dia, porque era assim o quotidiano das gentes na Idade Média.
Texto e fotografia: Daniel Pina
Leia a reportagem completa em:
http://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__22
Bem mais cara é uma ida ao cinema de hora e meia ou duas horas e, por muito bom que seja o filme, o espetador está sentado confortavelmente na cadeira, a comer umas pipocas, antes de regressar a casa depois de mais uma experiência igual a tantas outras. E ir aos Dias Medievais de Castro Marim não é, disso temos a certeza, uma experiência que se possa repetir muitas vezes na vida. É verdade que os bancos de madeira no interior do castelo, mesmo os do banquete real, não são tão acolchoados e ergonómicos. É verdade que o acesso ao castelo dá algumas dores de cabeça às senhoras que para ali vão de sapatos de salto alto e até mesmo alguns homens chegam ao fim da íngreme subida a tentar recuperar o fôlego. Também é verdade que não há escadas rolantes para se subir despreocupadamente com os carrinhos de bebé. Mas essa é a beleza do evento, o sentir as dificuldades, ou melhor dizendo, a inexistência de alguns confortos que tomamos como garantidos no nosso dia-a-dia, porque era assim o quotidiano das gentes na Idade Média.
Leia a reportagem completa em:
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