Começou na brincadeira a gravar uns sketches
com os amigos de infância, à laia dos «Gato Fedorento», foi para a faculdade
tirar um curso ligado às letras, passou a escrever textos humorísticos e, de
repente, as suas crónicas semanais no You Tube eram um sucesso. Era o pontapé
de saída do fenómeno do «Môce dum Cabréste», uma persona que assenta como uma
luva ao portimonense Dário Guerreiro, sempre de língua afiada para dar opiniões
politicamente muito incorretas e com um forte sotaque algarvio, daqueles que já
pouco estamos habituados a ouvir. Crónicas para a imprensa já escreveu,
programas de rádio também, mas desistiu porque é um moço que gosta pouco de
acordar cedo. Por isso, é aos espetáculos ao vivo e às crónicas do You Tube que
se dedica de corpo e alma e a ambição agora é apurar-se para a Liga dos
Campeões da stand-up comedy. E talento não falta para isso a Dário Guerreiro,
mais conhecido como «Môce dum Cabréste».
Como dizem os «bifes» do Reino Unido, «Back to Portimão»,
desta vez com conversa marcada com Dário Guerreiro, mais conhecido como «Môce
dum Cabréste», um portimonense de gema de 26 anos que fez de tudo um pouco
antes de aterrar no mundo da stand-up comedy. Depois de concluir o secundário,
ingressou no curso de Cozinha da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, mas
depressa percebeu que aquela não era a sua cena. A paixão pela escrita, mais
concretamente pela poesia, levou-o a frequentar a licenciatura de Ciências
Documentais e Editoriais na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da
Universidade do Algarve, que terminou em 2010. Contudo, não conseguiu arranjar
colocação nessa área profissional, onde o principal empregador é o Estado,
através das bibliotecas e arquivos municipais. “Quando não se conhece alguém
que nos abre as portas, é complicado entrar nesse universo, mas confesso que
não tirei o curso com o objetivo de ter essa profissão específica. O plano
curricular cativou-me bastante, tinha cadeiras que incidiam sobre literacia e
literatura, estudos literários, correção, ortografia, gramática. Posso dizer
que dei-me ao luxo de tirar um curso superior apenas pelo prazer de aprender e
também não queria ser o único desempregado no país sem um canudo”, refere, em
pleno chá das 5 na Casa Inglesa.
Ora, como Dário não nasceu em berço de ouro, teve que
fazer-se à vida, trabalhou numa loja de roupa num centro comercial, esteve numa
imobiliária, agarrou o que ia aparecendo, mesmo que não tivesse nada a ver com
a sua verdadeira vocação. Vocação que deu frutos logo aos 17 anos, altura em
que a Câmara Municipal de Lagoa publicou um livro com os seus poemas, e com uma
tiragem razoável. “Não era uma poesia muito profunda, mas já com algumas
características em comum com aquilo que escrevo atualmente, com um certo cuidado
ao nível da métrica e da rima”, recorda, explicando que a comédia foi surgindo
com o tempo. “Não acordei um dia com vontade de ser humorista. Sempre fui uma
pessoa bastante alegre, animada e feliz e a comédia foi uma consequência
natural dessa boa-disposição”.Texto e Fotografia: Daniel Pina
Leia a entrevista completa em:
http://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__20
http://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__20