O Cine-Teatro Louletano recebe, no próximo dia 5 de setembro, a peça «Menos Emergências», da companhia Teatro do Eléctrico, que conta no elenco com nomes como Custódia Gallego, Filomena Cautela, José Leite, entre outros. Ao todo, estarão em palco 10 atores, uma orquestra de 13 músicos e um coro de 20 cantores, num dinâmico diálogo entre estética visual e movimento. Antes do pano subir, o ALGARVE INFORMATIVO foi conhecer o encenador e diretor artístico Ricardo Neves-Neves, um quarteirense apaixonado pelo teatro desde miúdo e que cedo rumou à capital para tirar uma formação superior na área e perseguir o sonho de representar. Depois, de forma natural, sem quaisquer planos ou meditação, vestiu a personagem de encenador e dramaturgo e, daí a formar a sua própria companhia, foi um pequeno passo.


A poucos dias de voltar ao seu Algarve, e ao concelho onde nasceu, para levar a cena «Menos Emergências» no Cine-Teatro Louletano, Ricardo Neves-Neves andava na típica azáfama de quem é ator, encenador, dramaturgo e diretor artístico de uma companhia de teatro num país onde a cultura é vista como um bem supérfluo e onde o contínuo desinvestimento das entidades competentes na criação de novos públicos já passou a fronteira do preocupante há muitos anos. Apesar deste cenário cinzentão, o quarteirense de 30 anos não hesitou em partir para Lisboa quando terminou o ensino secundário para ingressar na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde tirou a licenciatura em Teatro-Atores, ao que se seguiram cursos e workshops em algumas companhias teatrais e uma pós-graduação na Faculdade de Letras de Lisboa em Estudos de Teatro.
Ainda na Escola Secundária Dra. Laura Ayres fundou, com a ajuda de alguns professores e colegas, o TELA – Teatro da Escola Laura Ayres e outro grupo de representação de textos de poetas essencialmente portugueses e, por volta dos 15 anos, já fazia parte do Grupo de Teatro Amador de Quarteira e de outra companhia informal com jovens de Faro. No Grupo de Teatro Amador de Quarteira participou em duas peças como ator e, quando o encenador José Matos Maia faleceu, foi convidado para assumir esse papel, num período em que já estava a estudar em Lisboa. Não causou, por isso, surpresa quando o jovem Ricardo Neves-Neves se mudou de malas e bagagens para a capital e que o seu futuro não seria passado numa secretária, de fato e gravata, num emprego tradicional das nove às 19h. “Essa possibilidade sempre foi muito remota e a minha primeira manifestação artística até foi através do piano, que comecei a aprender em casa com o meu pai e depois fui mesmo para uma escola de música. Durante o ensino secundário, vinha para Lisboa aos fins de semana fazer pequenas formações de ator para teatro ou para televisão, dormia numa pensão ao pé do Marquês do Pombal, portanto, quando cheguei aos 18 anos, o meu destino já estava perfeitamente definido”, conta. 

Entrevista: Daniel Pina
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