Quase seis anos depois, os IRIS, do eterno Domingos Caetano, têm um novo álbum de originais no mercado, de nome «Ao Acaso», que será apresentado oficialmente aos algarvios a 7 de setembro, num espetáculo inserido nas comemorações do Dia do Município de Faro. A ALGARVE INFORMATIVO esteve à conversa com o irreverente cantor, músico, compositor e professor, antes de mais uma aula no Cinema Topázio, na Fuzeta, e constatou que a receita de sucesso destes dinossauros do rock continua cheia de vigor e indiferente à passagem dos anos.


Depois de terem lançado «Sueste» em 2009, os IRIS têm um novo disco de originais, intitulado «Ao Acaso», o último de uma discografia que inclui ainda «Vão Dar Banhó Cão» (1995), «Iris» (1997), «Intuição» (1999), «Tá o Mar Fêto Num Cão» (2001), «A2 Sul» (2003) e «Iris ao vivo com Ensemble Petrov» (2007). Pode-se dizer que são poucos discos para uma banda que surgiu oficialmente em 1980, mas quem conhece Domingos Caetano sabe que o algarvio, daqueles mesmo de gema e de sotaque indisfarçável, nunca foi homem de pressas, de correr atrás da fama e do estrelato, de produzir discos a granel para vender milhares de cópias.
É no palco que o cantor, músico e compositor e seus compinchas se sentem realizados, por isso, nunca tiveram problemas com longas tournés, por andar meses a fio na estrada a tocar os temas dos álbuns mais recentes. Depois, quando o momento era certo, juntavam-se em estúdio e nascia outro disco e o processo voltava a repetir-se, num trajeto que conta já com 35 anos. Por isso, mesmo que a palavra possa não condizer com o espírito jovem da banda, os IRIS já não escapam ao rótulo de «dinossauros» do rock, para além de serem uma das poucas bandas algarvias que conseguiram, efetivamente, dar o salto, assinar com uma editora a nível nacional e atuar de norte a sul de Portugal, e além-fronteiras, de forma consistente e regular. 
À conversa no Cinema Topázio, na Fuzeta, a «casa» dos IRIS e da escola de música onde cresceram muitos dos membros da banda, Domingos Caetano revela que o mais recente trabalho discográfico surgiu mesmo ao acaso, no seu jeito característico de falar, sem rodeios ou meias-palavras. “Chegávamos ao estúdio, começávamos a tocar e deixávamos que saísse o que tinha que sair, não preparamos nada de antemão”, explica, acrescentando que, como é habitual, «Ao Acaso» tem duas versões de temas de outros artistas, o «Nuclear, Não Obrigado», de Lena d’Água e a Banda Atlântida, e o «Grândola Vila Morena», de Zeca Afonso.
Disco que, salvo algum imprevisto de última hora, estará à venda no dia 8 de setembro, e Domingos Caetano faz questão de salientar este «salvo se» porque o trabalho já está concluído há dois anos e chegou a ser lançado nessa altura, contudo, um erro de produção obrigou a editora a recolher todos os exemplares do mercado. «Ao Acaso» que foi gravado no estúdio do Cinema Topázio e no estúdio de João Rato, em Lagoa, sendo depois lançado pela «Wassup Records», vai contando o mentor do projeto, enquanto ultima os pormenores para mais uma aula. “Isto funciona como uma família. Quando algum elemento sai da banda, há sempre um miúdo que sabe as músicas porque nos acompanha há bastante tempo e a substituição acontece com naturalidade. Eles vêm para a escola aprender música e são nossos fãs porque cresceram a ouvir os nossos temas, nunca lhes passou pela cabeça integrarem os IRIS e, de repente, estão connosco em cima do palco. Foi exatamente assim que aconteceu com o Alexandre, o nosso atual guitarrista, que entrou para o lugar do Rui Machado”, indica Domingos Caetano.

Texto: Daniel Pina
Fotografias: Sérgio Paulino e André Nunes