O Algarve não é escasso em projetos musicais de qualidade e foi na mais recente edição do Festival F que tomamos contato com João Lum, um farense que cresceu com as cantigas no coração, estreou-se a solo com «Mil Cores» e promove agora o segundo álbum de originais, «Atmosfera». A Boxmusic Studios, em Faro, foi a local de conceção deste trabalho discográfico, mas a meta são as estrelas, com temas positivos que falam do dia-a-dia e de muito amor. E depois de ouvir os temas, cantados no nosso belo português, estamos certos de que só é preciso um combustível extra para voar ainda mais alto.

Texto e Fotografia: Daniel Pina

Depois de assistirmos ao concerto de João Lum no Festival F, no início do mês de setembro, o encontro seguinte com o farense de 32 anos aconteceu na Boxmusic Studios, onde foi gravado o segundo álbum de originais de nome «Atmosfera», em parceria com o amigo e colega Nuno Soares. O sucessor de «Mil Cores» foi colocado à venda em julho, mas o single de apresentação viu a luz do dia logo no início de 2015, um cheirinho do que estaria para chegar mais tarde. A partir daí, foi andar de norte a sul de Portugal a promover o disco, tarefa que não é fácil para nenhum artista, exceção feita para os ditos «dinossauros».
Um trabalho que segue a mesma receita de sucesso do primeiro, originais cantados em português, sempre, talvez por não gostar de ouvir a sua voz em inglês, uma escolha assumida desde que se meteu nesta vida ainda adolescente. Junte-se a isso o facto de Nuno Soares também preferir escrever letras na língua de Camões e estava o caminho traçado sem grandes alaridos. “Mas não tenho nada contra com quem canta em inglês, a música é uma forma de expressão e cada um canta como quiser”, esclarece João Lum, que muito novo demonstrou interesse pela música e começou a estudar piano, passando, mais tarde, para a guitarra, o baixo e a bateria. “O meu pai foi vocalista numa banda algarvia nos anos 60 e 70, os «Flux», chegaram a gravar dois discos pela Valentim de Carvalho, na altura ainda era a Disco Sete. Nasci com o bichinho cá dentro, a paixão foi crescendo de forma gradual e, por volta dos 12, 13 anos, formei uma daquelas típicas bandas de garagem, já com o Nuno Soares. Tivemos os «Alta Tensão» e os «Stereo» e, em 2010, optamos por ser apenas «João Lum»”, conta o entrevistado.
Depois de completado o ensino secundário, o percurso de João Lum sempre esteve ligado à música, uma opção que contou com o apoio da família. Curiosamente, o pai acabou por desligar-se da música, tirar um curso de psicologia e é disso que faz vida há mais de três décadas. “A vida dá sempre voltas, subsistir só da música é complicado e ele quis seguir a sua outra paixão. Talvez por saber dessas dificuldades, produzo também para outros artistas, bandas e «dj’s» na Boxmusic Studios”, indica, facetas que acabam por notar-se na sua própria música, onde se misturam os «samplers» com ambientes envolventes e a irreverência das guitarras com melodias fortes.
Sobre a passagem de banda para cantor a solo, foi uma transição pacífica e decidida em comum, por facilitar a gestão do próprio grupo. “Se o Tony Carreira mudar todos os dias de baterista, ninguém nota. Acaba por ser mais fácil quando é apenas uma pessoa que dá o rosto pelo projeto, tendo depois o suporte da banda. No meu caso, o Nuno Soares é também guitarrista e o David Sousa é o teclista e um dos donos do estúdio de gravação, e nós três constituímos o núcleo duro”, explica João Lum, não negando que, como o projeto é em nome individual, a responsabilidade também é maior. “É um risco que se assume, mas também sou eu que trato da produção dos álbuns e toco alguns dos instrumentos. Não é uma dor de cabeça”, garante.