Nas nossas habituais andanças pelo panorama cultural algarvio, damos um merecido destaque à escultora Teresa Paulino, cuja mais recente exposição «Ritmos e Melodias» pode ser vista em Quarteira por mais algumas semanas. Contudo, muitos mais trabalhos seus podemos encontrar no dia-a-dia, na Rotunda do Aeroporto de Faro e em vários locais de Quarteira, Loulé, Albufeira, Paderne, esculturas de diferentes dimensões e materiais que dão um toque especial e único a muitos espaços públicos da região. Mais do que fazer peças a pensar nas tradicionais exposições, é a participação com projetos em concursos, nacionais e internacionais, que mais puxa pela sua criatividade e na forja podem estar mais duas importantes peças. Mas, enquanto as decisões finais não são tomadas, o Algarve Informativo foi até à Galeria Praça do Mar, em Quarteira, para conhecer de perto o trabalho de Teresa Paulino. 

Texto e Fotografia: Daniel Pina

Está patente até 7 de novembro, na Galeria Praça do Mar, em Quarteira, a exposição de escultura «Ritmos e Melodias» de Teresa Paulino, uma lisboeta de 44 anos com fortes raízes no Algarve, já que a mãe é olhanense e o pai é farense. Não admira, por isso, que tenha rumado ao sul quando concluiu o ensino secundário na Escola António Arroios, em Lisboa, seguindo-se um bacharelato em Design pela Universidade do Algarve e uma licenciatura em Design de Comunicação pela ESTAL, de Lisboa. Depois de dar aulas de Artes Visuais durante alguns anos, decidiu dedicar-se em exclusivo à escultura, desde peças pequenas de decoração até outras de grande escala para serem colocadas em espaços públicos, como é o caso de «Os Observadores», um conjunto de 12 figuras inseridas na rotunda à entrada do Aeroporto de Faro.
A vitória nesse importante concurso de ideias, em 1999, abriu-lhe as portas para outros trabalhos de maior dimensão, sendo disso exemplo as figuras do «Contrabandista», «Pescador» e «Guarda-Fiscal» que executou, em 2001, para a vila de Alcoutim, a «Rotunda dos Pescadores», em Quarteira, e a «Vendedora do Mercado», em Loulé, datados de 2008, o «Músico da Banda de Paderne», em 2009 e «A Família de Pescadores», em 2010, para Albufeira. Nesse mesmo ano venceu o prémio do público na Exposição Internacional de Escultura Artemar, no Estoril, com a obra «A Lata». A par destes projetos específicos, têm sido muitas as exposições de escultura e pintura que tem levado a cabo no Algarve, na vizinha Espanha, até mesmo em França, reflexo de um trabalho bastante diversificado, tanto nas dimensões, como nos materiais utilizados, e que vão desde a pedra e metal à fibra de vidro, resina, tecido, madeira e outros.
Adivinha-se, assim, que o jeito para os trabalhos manuais, para o desenho, pintura e escultura, apareceu bem cedo, numa família bastante ligada à arte, pelo que a ida para a Escola António Arroios foi uma decisão pacífica e apoiada pelos pais. Natural foi também a mudança para o Algarve, região muito apreciada pelos artistas devido à sua tranquilidade, luz natural, paisagens deslumbrantes, ou seja, tudo o que ajuda à criatividade. “Gosto imenso de cá estar, é uma zona excelente para se viver e para trabalhar, o mais complicado é depois organizar exposições. Em Lisboa e Porto consegue-se obter um maior reconhecimento”, admite Teresa Paulino, o que não significa que tenha pouco trabalho. “A minha rampa de lançamento foi, de facto, as figuras do Aeroporto de Faro. Ainda estava a tirar o bacharelato em Design na Universidade do Algarve, fiz esse projeto para uma cadeira e concorri, em paralelo, a um concurso de ideias. Um ano ou dois depois fui contatada pelo diretor do Aeroporto, queriam executar a obra, e comecei a trabalhar mais profissionalmente a partir dessa data”, lembra.