O Restaurante Bon Bon, no Carvoeiro, é a nova coqueluche da cozinha algarvia, depois da
equipa liderada pelo Chef Rui Silvestre ter conquistado a sua primeira estrela
Michelin. E se o feito já é merecedor de destaque por si só, mais relevo ganha
quando verificamos que o espaço é gerido por Nuno Diogo há menos de três anos e
que Rui Silvestre ali chegou há ano e meio. Uma conquista alcançada em tempo
recorde, mas o Guia mais famoso do mundo não teve dúvidas em enaltecer a cozinha
do restaurante Bon Bon pelo seu nível técnico, pela matéria-prima seleta e por pratos
de corte atual, com sabores definidos e apresentações cuidadas.
Localizado perto das Sesmarias, a caminho do Carvoeiro, no
concelho de Lagoa, o Restaurante Bon Bon encontra-se no seu habitual período de
férias, mas isso não significa que, por detrás das portas encerradas ao
público, nada esteja a acontecer. De facto, fomos encontrar o gerente Nuno
Diogo e o Chef Rui Silvestre numa grande azáfama de volta das obras de
remodelação da cozinha e da zona de copa. Obras que, diga-se de passagem, já
estavam programadas antes mesmo de saberem que tinham conquistado a tão
almejada Estrela Michelin, no mês de novembro, um galardão que os colocou no
panteão da restauração nacional, como parte de uma elite constituída por apenas
14 estabelecimentos de norte a sul de Portugal.
Convém esclarecer, logo de antemão, que o Restaurante Bon
Bon existe há mais de duas décadas, mas só em 2013 é que o parchalense Nuno
Diogo assumiu a gerência, tendo chamado Rui Silvestre, chefe de cozinha natural
de Valango, há coisa de ano e meio. Portanto, a dupla conseguiu, logo no
primeiro ano em que trabalhou lado a lado neste local, algo que muitos
restaurantes passam anos a fio, às vezes décadas, a tentar. “O nosso objetivo
era efetivamente ganhar a Estrela Michelin, já tínhamos trabalhado junto noutro
espaço, foi o unir de duas energias e vontades positivas”, explica Nuno Diogo,
cuja primeira tentativa tinha acontecido há alguns anos no Restaurante Pimenta
Preta, inserido no aldeamento turístico Pestana Palm Gardens.
Chegado ao Bon Bon, Nuno Diogo entendeu que havia
matéria-prima para pensar novamente na Estrela Michelin e chama Rui Silvestre,
que entretanto tinha andado cinco anos pela França, Hungria e Suíça. “Era
fundamental reunir as pessoas certas e o Rui é um grande líder, de tal modo
que, mesmo com uma equipa nova na cozinha, se conseguiu este feito. Claro que
também é necessário muito rigor e vivermos intensamente o nosso trabalho, mesmo
colocando um pouco de lado a vertente familiar. É uma profissão que se tem que
amar de corpo e alma”, assegura o empresário, confirmando que as obras que
estão a decorrer têm o intuito de tornar o restaurante ainda mais elegante,
funcional e moderno. “Queremos introduzir uma decoração diferente e mudar a
cozinha para podermos ter mais pessoal a trabalhar e, assim, servir mais
clientes com a mesma qualidade de topo”.
Um ênfase na equipa que é reforçado por Rui Silvestre,
embora tenha consciência que, sempre que se fala em Estrelas Michelin ou outros
galardões, se pense apenas no chef de cozinha. “Nós damos mais a cara pelo
projeto mas, se não houver uma equipa sólida, com pessoas honestas e leais,
nada funciona”, destaca, acrescentando que a questão das ementas é decidida
pela dupla, em parceria igualmente com o Sub-Chef Ricardo Messias. “Cozinhamos,
provamos, cada pessoa dá a sua opinião, que nem sempre coincidem, mas
trabalhamos todos juntos para chegarmos a um fim comum. Infelizmente, em
Portugal, só se fala no Chef mas, para nós podermos ir a algum lado, tem que
haver outros responsáveis pela condução do barco”, frisa Rui Silvestre.