Foi inaugurada, no passado dia 27 de novembro, a exposição «Reabilitar através da Arte», uma mostra constituída pelos trabalhos vencedores e menções honrosas do Concurso Nacional de Pintura e Escultura promovido pela APEXA – Associação de Apoio à Pessoa Excecional do Algarve. O objetivo foi dar a oportunidade a todos os cidadãos com necessidades especiais de participarem e verem os seus trabalhos reconhecidos pela sociedade, no sentido de integração e inclusão pela arte. Volvidas algumas semanas, o Algarve Informativo foi até à sede desta IPSS, na Escola Primária de Valverde, para conhecer melhor o esforço desenvolvido com utentes que nasceram com deficiência ao nível motor, cerebral e cognitivo.

Reportagem: Daniel Pina


A APEXA – Associação de Apoio à Pessoa Excecional do Algarve nasceu em 2003 da constatação de que não existia na região capacidade para dar resposta às pessoas com deficiência. Assim sendo, um grupo de pais e amigos de pessoas com deficiência e/ou necessidades especiais decidiram criar uma estrutura de apoio a estas causas e às pessoas envolvidas nesta problemática. Um movimento iniciado por Nuno Neto, o presidente da associação, depois do filho mais novo, Tito, ter nascido com espinha bífida e, 13 anos depois, a dimensão alcançada pela IPSS não causa surpresa. “Trabalhamos honestamente e gastamos o dinheiro onde é preciso e nos projetos certos. Na altura, porém, nem havia informação disponível para um casal que nunca imaginou ter um filho com deficiência, pelo que o primeiro passo foi arranjar um assistente social para dar resposta a todas as perguntas que iam surgindo. Depois, tivemos o apoio da Câmara Municipal de Albufeira e das cinco freguesias do concelho, disponibilizaram esta Escola Primária de Valverde, candidatamo-nos a fundos comunitários e conseguimos arrancar com o projeto. Em pouco tempo ficamos inseridos na Intervenção Precoce, subsidiada pela Segurança Social”, recorda Nuno Neto.
É com o filho mais velho, Nuno Miguel, responsável pelo Atelier de Arte e Criatividade, que prosseguimos a visita à sede da APEXA, mesmo em frente ao Algarve Shopping. “Hoje, há várias IPSS no Algarve com um certo destaque mas, na época, havia duas ou três instituições que apoiavam algumas pessoas, mas não conseguiam acudir a toda a gente nem a todas as faixas etárias”, recorda, explicando que a APEXA trabalha sobretudo nos concelhos de Albufeira e Loulé e que vai agora alargar o âmbito da sua atividade a Silves, depois de lhe ter sido cedida o edifício de uma escola em Alcantarilha. “É o Projeto Flamingo, que anda agora na fase de reuniões e apresentações para angariar parceiros, de modo a, em 2016, começarmos a auxiliar estes utentes. A nossa atividade centra-se igualmente na intervenção precoce, que dá apoio direto a 30 famílias de crianças, dos 0 aos seis anos, com deficiência, através de uma equipa multidisciplinar que inclui técnicos da APEXA, do Centro de Saúde e de jardins-de-infância”, indica.
Técnicos que passam por psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais e musicoterapeuta, a par do Gabinete de Intervenção Social. Outro programa importante é o Projeto de Integração Socioprofissional, dividido numa área de desenvolvimento de competências e noutra de integração profissional. “A primeira destina-se às pessoas que já não estão inseridas no sistema de ensino e para que consigam manter a sua capacidade de desenvolver um raciocínio lógico, ou seja, continuar a trabalhar o português, a matemática, a vivência do dia-a-dia, ver as horas, contar dinheiro, saber comportar-se numa cidade, como é que se chama um táxi, quando é que pode atravessar uma estrada”, descreve Nuno Miguel.