Texto: Daniel Pina
Fotografia: Gilmar Rose
Pouco passava das 10 horas da manhã de terça-feira, feriado,
mas Miguel Praia já tinha concluído a primeira sessão de treinos diários antes
de iniciarmos a conversa, numa conhecida pastelaria de Albufeira, cidade para
onde veio viver ainda criança depois da família ter trocado Portalegre pela
capital do turismo algarvio. A motivar o encontro estava o adeus à competição
do conceituado piloto de 37 anos, que aconteceu no fim-de-semana de 28 e 29 de
novembro, na pista da Curitiba, no Brasil. Um arrumar do capacete, por assim
dizer, que até aconteceu um ano mais tarde do que estava programado, numa
caminhada que se iniciou por volta dos 16 anos. “Depois de fazer sete épocas no
Campeonato do Mundo de Superbikes, abracei esta aventura no Brasil, num campeonato
supercompetitivo e muito bem organizado, durante três anos. Quando a Honda
Brasil me endereçou esse convite, tinha planeado correr só dois anos, em função
do meu próprio planeamento familiar e das responsabilidades acrescidas que ia
tendo no Autódromo Internacional do Algarve na gestão da Escola de Condução”,
conta Miguel Praia, que também é comentador residente de MotoGP na Sport TV.
Uma agenda bastante preenchida, múltiplos compromissos, os
anos também começavam a pesar no corpo em virtude dos intensos treinos diários
e das constantes viagens, muitas delas para diferentes continentes e
atravessando vários fusos horários, e a decisão, que foi difícil de tomar,
acabou por ser natural. “Tenho dois filhotes, o Tiago que vai fazer dois anos,
o Lourenço, com dois meses, e o desporto de alta competição é algo que nos
priva imenso, de tempo com a família e com os amigos, de toda a vertente
social, até do que comemos e bebemos no quotidiano, porque o peso é algo
fundamental. Senti que deixei de conviver e de viver porque o foco estava
sempre no trabalho, nos treinos. Quero acompanhar o crescimento dos meus filhos
e fazer oito ou nove viagens por ano ao Brasil, em cada uma delas ficando lá
uma semana, foi-se tornando cada vez mais cansativo”, explica, uma rotina que
até era mais ligeira do que quando andava no Campeonato do Mundo de Superbikes,
simplesmente, nessa época, ainda não estava casado, nem tinha filhos.
Se a saída do Mundial aconteceu sem grandes sobressaltos,
mais pacífico ainda foi agora o abandono da competição, isto apesar da equipa e
da marca desejarem que realizasse mais uma época, em função dos bons resultados
desportivos que vinham alcançando. “Não saí de forma brusca, por lesão ou
quebra de contrato, terminei quando achei que era o momento certo. A Honda
queria que permanecesse porque vão sair novos modelos e tínhamos hipóteses de
continuar a lutar pelos lugares cimeiros, mas os resultados já não eram muito
do meu agrado. Ia para o Brasil à quarta-feira, na quinta-feira já estava em
cima da moto, depois dum desgaste tremendo com a viagem, e a minha frescura
física já não é a mesma de há 10 ou 20 anos. Mais do que participar, é
importante lutar para ganhar e eu sempre fui muito competitivo e exigente
comigo mesmo”, reforça.
Leia a entrevista completa em:
http://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__37
http://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__37