O Algarve é um dos principais destinos do país para se festejar o réveillon, com Albufeira, Quarteira, Monte Gordo, Praia da Rocha, Tavira e outras localidades a apostarem em festas de arromba e artistas e DJ’s de topo para se assinalar a entrada no novo ano. E quando se fala em «disc-jockeys», há um nome que nos vem de imediato à memória, por ser algarvio, olhanense de gema, por ter sido um dos primeiros portugueses do ramo a construir uma carreira internacional de sucesso e por, ao fim de quase duas décadas de atividade, continuar a ser um dos principais intérpretes da música eletrónica à escala mundial. Falamos de Pete Tha Zouk, com quem estivemos à conversa em Faro num destes dias solarengos de dezembro.

Texto: Daniel Pina
Fotografia: António Gamito

Conhecemos António Mendonça há quase 20 anos, na altura era simplesmente Tó P para os amigos, um olhanense que andava na universidade a tirar o curso de Engenharia Elétrica e Eletrónica. De música sempre gostou e de forma natural começou a passar uns discos na antiga discoteca Alcatraz, no Hotel Alcazar, em Monte Gordo, mas o nome Pete Tha Zouk nem sequer figurava ainda do seu imaginário. “As pessoas olhavam de uma forma desconfiada para a atividade de DJ, mas eu sempre acreditei que seria uma profissão com futuro. Acima de tudo, era algo que amava fazer, não me preocupava se fosse apenas um hobby”, conta, indicando que até foi como barman que começou a trabalhar na animação noturna, na Ubi, de Tavira.
Depois de quase 70 noites seguidas na Alcatraz, percebeu que não tinha feitio, ou apetência, para ser DJ residente num bar ou discoteca e, para fugir à rotina, rumou a Albufeira, mais concretamente ao Mitto Bar, uma verdadeira montra que o catapultou para uma carreira de sucesso, um espaço obrigatório durante o Verão e a Páscoa para os amantes de música eletrónica de todo o país. “Na primeira vez que lá toquei verifiquei que a música era mais para fazer ambiente, mas senti que podia ser mais qualquer coisa, ter outro impacto. Resolvi arriscar com uma música mais dançante, de clube, e foi o início de noites fantásticas em que as pessoas insistiam para que o bar não fechasse tão cedo”, recorda.
Tempos longínquos e bem diferentes do panorama atual, em que os bares funcionam quase como discotecas, onde os clientes chegam mais tarde e por ali ficam até regressarem a casa, uma vez que as bebidas são tradicionalmente mais baratas. Na época, porém, os notívagos faziam todo o circuito, começavam pelo Mitto, seguiam para o Capítulo V, depois para a Locomia, recorda Pete Tha Zouk. Discoteca Locomia, na Praia de Santa Eulália, em Albufeira, que foi outra porta para o conhecimento da arte de DJ, partilhando a cabine com grandes nomes internacionais e ali conhecendo o seu atual manager, José Manso, da WDB. “Eu não ia dançar para a pista, ficava na cabine a ver como eles trabalhavam, era um bocado «chinês», como a malta costuma dizer”, lembra, com um sorriso.
Assumida a decisão de ser DJ, havia mais duas opções a tomar – qual o estilo de música a tocar e se preferia ser residente ou freelancer – mas a escolha em ambos os casos foi fácil de fazer. “Eu conhecia bem colegas que trabalhavam na Locomia ou na Kadok e via que os clientes davam mais importância aos Dj’s que vinham de fora. Entretanto, comecei a receber convites para ir tocar a casas do Porto e de outros pontos do norte do país, o próprio João Miguel, outro dos meus managers, chamou-me para colocar música na Soundplanet. Nunca fui muito popular em Lisboa, mas criei um clube de fãs incrível no norte”, relata, mais uma vez se confirmando que é preciso ter sucesso fora da sua região antes dos conterrâneos darem o devido valor à prata da casa.