Texto: Daniel Pina
Fotografia: António Gamito
Conhecemos António Mendonça há quase 20 anos, na altura era
simplesmente Tó P para os amigos, um olhanense que andava na universidade a
tirar o curso de Engenharia Elétrica e Eletrónica. De música sempre gostou e de
forma natural começou a passar uns discos na antiga discoteca Alcatraz, no
Hotel Alcazar, em Monte Gordo, mas o nome Pete Tha Zouk nem sequer figurava
ainda do seu imaginário. “As pessoas olhavam de uma forma desconfiada para a
atividade de DJ, mas eu sempre acreditei que seria uma profissão com futuro.
Acima de tudo, era algo que amava fazer, não me preocupava se fosse apenas um
hobby”, conta, indicando que até foi como barman que começou a trabalhar na
animação noturna, na Ubi, de Tavira.
Depois de quase 70 noites seguidas na Alcatraz, percebeu que
não tinha feitio, ou apetência, para ser DJ residente num bar ou discoteca e,
para fugir à rotina, rumou a Albufeira, mais concretamente ao Mitto Bar, uma
verdadeira montra que o catapultou para uma carreira de sucesso, um espaço
obrigatório durante o Verão e a Páscoa para os amantes de música eletrónica de
todo o país. “Na primeira vez que lá toquei verifiquei que a música era mais
para fazer ambiente, mas senti que podia ser mais qualquer coisa, ter outro
impacto. Resolvi arriscar com uma música mais dançante, de clube, e foi o
início de noites fantásticas em que as pessoas insistiam para que o bar não
fechasse tão cedo”, recorda.
Tempos longínquos e bem diferentes do panorama atual, em que
os bares funcionam quase como discotecas, onde os clientes chegam mais tarde e
por ali ficam até regressarem a casa, uma vez que as bebidas são
tradicionalmente mais baratas. Na época, porém, os notívagos faziam todo o
circuito, começavam pelo Mitto, seguiam para o Capítulo V, depois para a
Locomia, recorda Pete Tha Zouk. Discoteca Locomia, na Praia de Santa Eulália,
em Albufeira, que foi outra porta para o conhecimento da arte de DJ,
partilhando a cabine com grandes nomes internacionais e ali conhecendo o seu
atual manager, José Manso, da WDB. “Eu não ia dançar para a pista, ficava na
cabine a ver como eles trabalhavam, era um bocado «chinês», como a malta
costuma dizer”, lembra, com um sorriso.
Assumida a decisão de ser DJ, havia mais duas opções a tomar
– qual o estilo de música a tocar e se preferia ser residente ou freelancer –
mas a escolha em ambos os casos foi fácil de fazer. “Eu conhecia bem colegas
que trabalhavam na Locomia ou na Kadok e via que os clientes davam mais
importância aos Dj’s que vinham de fora. Entretanto, comecei a receber convites
para ir tocar a casas do Porto e de outros pontos do norte do país, o próprio
João Miguel, outro dos meus managers, chamou-me para colocar música na
Soundplanet. Nunca fui muito popular em Lisboa, mas criei um clube de fãs
incrível no norte”, relata, mais uma vez se confirmando que é preciso ter
sucesso fora da sua região antes dos conterrâneos darem o devido valor à prata
da casa.