De 1 a 31 de março, a Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen, em Loulé, recebe a Exposição «O Sonho ao Poder – Mário Viegas». A iniciativa é da responsabilidade da associação LPV – Museu do Bem Estar, que nasceu no âmbito das comemorações dos 40 anos da Revolução de Abril de 1974 e do aniversário da morte do ator (1 de abril de 1996).
Realizada em parceria com o Museu Nacional do Teatro e com o museólogo António Nabais, a exposição foi construída «à Mário», apelando à diversidade, à irreverência e ao diferente, que o ator tão bem protagonizou. A exposição mostra fotos do espólio pessoal do ator, e outras, fornecidas pelo Museu Nacional do Teatro, bem como frases de, e sobre, Mário Viegas. A paixão pelo teatro e a missão de defesa intransigente da língua portuguesa e dos seus poetas são duas facetas presentes na exposição. Composta por painéis e peças do seu espólio pessoal (roupa, peças de cenografia, livros e fotografias), pretende-se, com esta exposição, homenagear Mário Viegas e dignificar a língua portuguesa e o teatro.
António Mário Lopes Pereira Viegas nasceu a 10 de novembro de 1948, em Santarém. Foi considerado como o maior ator do pós-25 de abril. Aos 15 anos, já fazia teatro amador. Após ter frequentado a Faculdade de Letras e o Conservatório Nacional em Lisboa, estreou-se no Teatro Experimental de Cascais (TEC). Em 1969 ingressou no Teatro Universitário do Porto e em 1970 regressou ao TEC. Começou a ser conhecido como declamador, tendo gravado diversos discos. Iniciou-se no cinema em 1975 com a curta-metragem O Funeral do Patrão. Foi um dos elementos fundadores do grupo A Barraca, em 1976. Aqui, assinaria um dos papéis mais inesquecíveis da sua carreira teatral: D. João VI (1979), que lhe valeu o prémio de melhor ator no Festival de Teatro de Sitges.

Cinematograficamente, foi um dos «atores-fétiche» de José Fonseca e Costa, com quem trabalharia em Kilas, o Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983), A Mulher do Próximo (1988) e Os Cornos de Cronos (1991). Trabalhou também sob a orientação de Artur Semedo em O Rei das Berlengas (1978), de Manoel de Oliveira em A Divina Comédia (1991) e de Roberto Faenza em Afirma Pereira (1996). Fez também televisão, apresentando os programas Palavras Ditas (1986) e Palavras Vivas (1990), onde declamou poemas de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, António Nobre, Cesário Verde e Pablo Neruda. Mas foi no teatro que atingiu os seus maiores momentos: em 1991, fundou a Companhia Teatral do Chiado onde o seu maior sucesso viria a ser Europa Não! Portugal Nunca! (1995). Paralelamente, tentou uma carreira política: nas Legislativas de 1995 integrou as listas da UDP e no mesmo ano anunciou a sua candidatura à Presidência da República, com o slogan «O Sonho ao Poder», obtendo algum feedback entre a classe universitária lisboeta. No entanto, a síndrome da imunodeficiência adquirida, da qual viria a falecer, acabaria por inviabilizar a sua ida às urnas. 
Pela sua carreira e méritos artísticos foi várias vezes premiado por diferentes entidades culturais, como, por exemplo, pela Casa da Imprensa, pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e pela Secretaria de Estado da Cultura. Em 1993 foi agraciado com a Medalha de Mérito da cidade de Santarém e, em 1994, recebeu, pelas mãos do então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, a comenda da Ordem do Infante D. Henrique.