Depois de ter estado em
destaque em mais um Festival de Artes Infantil e Juvenil de Albufeira, onde
conquistou o primeiro prémio da categoria dos 12 aos 17 anos, a Academia de
Dança de Albufeira participou em mais concursos e as suas alunas voltaram a
encher de orgulho os professores Angelika Makarova e Konstantin Makarov. Uma
semana antes de novo troféu, desta feita nos Olhos d’Água, o Algarve
Informativo viajou até Albufeira para conversar com estes antigos bailarinos
profissionais.
Texto: Daniel Pina | Fotografia: Marco Santos
Angelika Makarova e Konstantin Makarov são os fundadores da
Academia de Dança de Albufeira e os grandes responsáveis por tantos jovens
deste concelho fazerem aquilo que mais gostam na vida – dançar – ainda que
muito poucos depois sigam a carreira de bailarinos profissionais. O certo é que
prémios não faltam no currículo dos cerca de 80 alunos desta dupla russa, a
esmagadora maioria raparigas, dos 4, 5 anos, até aos 17, 18 anos. Nessa fase da
vida, têm que rumar à universidade ou entrar no mercado do trabalho e,
infelizmente, a dança fica para trás. São poucos os que, em Portugal, conseguem
fazer disto a sua atividade profissional, mas os momentos perduram na memória e
saem desta academia melhores seres humanos, mais responsáveis, com maior
capacidade de organização e gestão do tempo, até de se relacionarem uns com os
outros.
Radicados no Algarve há mais de duas décadas, Angelika e
Konstantin trabalharam vários anos como bailarinos para os Casinos do Algarve
antes de criarem a Academia de Dança de Albufeira, em 2005, vocacionada para a
dança clássica, contemporânea e sapateado. “A clássica porque é a base de todos
os outros tipos de dança, o sapateado porque é a especialidade do Konstantin”, justifica
Angelika, acrescentando que o número de alunos foi crescendo de ano para ano,
face à qualidade do trabalho que apresentavam. “As pessoas acreditam em nós e
temos, atualmente, nove grupos, de acordo com as idades e as disciplinas em que
andam. A escola está aberta a todos os interessados em experimentar, não
fazemos audições para escolher as crianças que entram ou não”, esclarece
Konstantin.
Grupos divididos por disciplinas e escalões etários, com
menos horas de treino por semana para os mais novos, como é normal, até porque,
no início, as crianças e os pais têm que perceber se é mesmo aquilo que
desejam. Mães que, de tanto irem levar as filhas às aulas, acabaram por ficar
com o bichinho, existindo, por isso, um grupo também de adultos e que participa
regularmente nos espetáculos da Academia de Dança de Albufeira. “Dizem-nos que
é muito bom para esquecerem os problemas do trabalho e de casa durante uma
hora, a trabalhar o corpo, a dançar, a gastar energia”, aponta Angelika,
garantindo que não é necessário ter um corpo de medidas perfeitas para entrar
para a escola, sejam adultos ou crianças. “No entanto, temos regras bem
definidas e rigorosas e, ao fim de um mês ou dois, digo às que têm uns quilinhos
a mais para fazerem uma dieta”, admite.
Regras que são para cumprir, aliás, o rigor, a disciplina, o
enfoque para os resultados, são tradicionais na cultura russa. Os pais dos
alunos isso mesmo reconhecem e a primeira preocupação é que os filhos tenham
uma atividade física saudável, que ganhem outro bem-estar. “Depois, quando os
filhos começam a participar nos concursos de dança, levam mais a sério a
vertente artística. Até reclamam quando o filho não é escolhido para um
espetáculo”, revela Konstantin, consciente que muitas destas raparigas não vão
fazer disto o seu ganha-pão. Isso não as impede, contudo, de continuarem a sua
caminhada e o casal confirma que algumas alunas estão na Academia praticamente
desde a sua fundação. “Outras começaram há poucos dias e vão ter mais
dificuldade em entrar no grupo, em chegar ao mesmo patamar. Têm que se esforçar
mais, empenhar-se, porque eu não posso andar com as outras para trás”,
justifica o antigo bailarino profissional.