O concelho de Faro foi o escolhido para a realização de mais uma FAM Trip da Região de Turismo do Algarve e depois de, na edição anterior, termos ficado a conhecer melhor a Cidade Velha de Faro, desta vez viajamos até à vila de Estoi, mais concretamente ao Palácio de Estoi. Reconvertido em unidade hoteleira pertencente à rede das Pousadas de Portugal, explorada pelo Grupo Pestana, o edifício conserva praticamente a sua traça original e transporta o visitante numa verdadeira viagem ao passado. 

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O objetivo das FAM Trip da Região de Turismo do Algarve é «Redescobrir os Segredos do Algarve» e o destino eleito, em março, para esta ação destinada a agentes de turismo e jornalistas foi o concelho de Faro. Assim, depois do início da manhã ter sido preenchido por uma visita pela Cidade Velha de Faro, designadamente pelo Centro Interpretativo do Arco da Vila, Museu Municipal e Sé de Faro, foi tempo depois de rumar à vila de Estoi, cuja localização, boa qualidade de solos e existência de várias fontes riquíssimas de água e bons ares fizeram com que fosse fortemente povoada desde os tempos mais remotos. Condições privilegiadas que proporcionaram mesmo que, durante o Período Romano, ali fosse construída a Villa de Milreu, que se crê ter sido habitada por governadores de Ossónoba, capital da província.
Em tempos mais próximos da atualidade, Estoi continuou a ser escolhida pelas famílias mais nobres da cidade de Faro, que ali tinham as suas explorações agrícolas e lagares, para construírem as suas casas «apalaçadas», onde viviam parte do ano. E um desses edifícios mais carismáticos e famosos é, sem dúvida, o Palácio de Estoi, construído por iniciativa de Francisco José Moreira de Brito de Carvalhal e Vasconcelos, Conde de Carvalhal, que herdou o terreno do pai, falecido em 1782. Não tendo aproveitado nenhuma das edificações existentes, a obra arrancou a partir de 1782-1783, não se sabendo, com certeza, o autor do projeto. Nesse sentido, o seu putativo autor é o arquiteto régio Mateus Vicente de Oliveira (1706-1785), que projetara décadas antes os planos para o Palácio de Queluz.
O Palácio de Estoi pode ser considerado um dos melhores exemplares da arquitetura civil da segunda metade do século XVIII, mas não teve um trajeto fácil, isto porque o filho do Conde de Carvalhal morreu sem ter deixado descendentes, tendo estipulado em testamento que a propriedade fosse vendida e o lucro distribuído pelos mais desfavorecidos. Depois de ter sido votado quase ao desaparecimento, pode-se dizer que foi salvo por José Francisco da Silva, que comprou a propriedade, em 1893, e gastou avultadas verbas na restauração do que estava arruinado e na construção de alguns elementos novos, com o projeto a cargo do Arquiteto Domingos da Silva Meira, grande adepto da escultura.
Prova desta predileção do arquiteto são os bustos de Almeida Garret, António Feliciano de Castilho, Bocage e do Marquês de Pombal que se encontram na alameda central. Os recantos do jardim são pontilhados por frescos de fontes e pequenas estruturas arquitetónicas onde se localizam estátuas de mais figuras notáveis, entre elas os poetas Goethe, Schiller, Milton ou Camões, ou os políticos e militares Moltke ou Bismark, mas ali se observam igualmente figuras de mármore mais modestas que ilustram personagens do campesinato português.