Há sensivelmente um ano, Pedro Martins, praticante de badminton pelas cores do Che Lagoense, afirmou ao Algarve Informativo que queria estar nos Jogos Olímpicos de 2016, que se vão disputar no Rio de Janeiro durante este Verão. Volvido um ano, e depois de ter participado em cerca de 25 torneios um pouco por todo o mundo, o portimonense viu esse objetivo concretizado, uma tarefa que, garante, foi bem mais complicada do que tinha imaginado. “Os primeiros torneios correram-me bastante bem, depois, cheguei a um patamar onde tudo se tornou muito mais difícil. Comecei a qualificação perto da posição 400 do ranking mundial mas, assim que atingi o top-100, apanhei sempre os cabeças de série nas primeiras rondas”, conta Pedro Martins, já de regresso a Lagoa para recuperar do cansaço acumulado nos últimos meses.
Um cansaço físico a que se somou o desgaste psicológico e algum desânimo por os sorteios lhe colocarem pelo caminho os adversários mais problemáticos, mas Pedro Martins suplantou as adversidades graças ao apoio da família, dos amigos e do corpo técnico que o acompanhou ao longo da época. Posto isso, o algarvio será um dos 38 jogadores de badminton à conquista do ouro no Rio de Janeiro, e o único de Portugal, a que se junta Telma Santos na vertente feminina, mas nada teria sido possível sem o apoio da Câmara Municipal de Lagoa, assume. “Sinceramente, sem essa ajuda, não teria conseguido ir a todos os torneios que fui. Recebemos algum apoio da federação, mas abaixo do que é necessário, portanto, a minha qualificação deve-se bastante ao Município de Lagoa”, destaca.
De olhos postos nos Jogos Olímpicos, Pedro Martins está consciente que a sua caminhada não será fácil, até porque, muito provavelmente, lhe vão sair em sorteio os cabeças de série. “Se a qualificação se tivesse prolongado por mais tempo, penso que estaria num ranking mais alto e isso iria depois refletir-se nos sorteios. Mas já estou bastante feliz por este feito e seguem-se mais dois torneios de preparação, no Canadá e nos Estados Unidos. Agora é tempo de recuperar das lesões antigas, porque tive torneios praticamente todos os fins-de-semana, era chegar de um e ir direto para outro”, revela o portimonense, que é acompanhado pela GFI Medicine na preparação física.   
Contudo, e apesar dos apoios que Pedro Martins vai conseguindo em resultado da sua performance desportiva, continua a notar-se uma diferença abismal em relação aos atletas de badminton de outras nações. “Viajamos normalmente sozinhos, sem treinador ou fisioterapeuta, o que influencia na recuperação entre os jogos e na própria disposição mental. O problema não é apenas não termos alguém ao nosso lado em campo, são todos os pormenores do dia-a-dia, ir a reuniões antes dos jogos começarem, tratar das inscrições, do alojamento, dos transportes, da alimentação. Tudo isso contribui para um desgaste psicológico que depois se nota em campo”, lamenta o entrevistado. “Temos atletas com enorme capacidade para irem longe em termos desportivos, mas pecamos nestes aspetos que são cruciais entre o ganhar e o não ganhar”.
Apesar destas preocupações, Pedro Martins vai motivado para os Jogos Olímpicos e assegura que não quer apenas marcar presença. “Eu não me contento com pouco, não me satisfaço com o nível médio. Logicamente que vai tudo depender do sorteio, mas luto sempre pelo primeiro lugar e vou dar o meu máximo para ganhar. Acredito que vou alcançar um bom resultado”, finaliza o portimonense, antes de seguir para mais uma sessão de treino e fisioterapia. 

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vítor Rocha