O ciclo «Obra Aberta» recebe, a 29 de Julho, a partir das
21h, na Biblioteca Municipal de Albufeira, Teresa Rita Lopes. Nome incontornável
da cultura europeia, é a responsável pela permanência em Portugal da famosa «arca»
de Pessoa, já publicou dezenas de livros sobre o grande poeta, aqui e no
estrangeiro, dirigiu diversas equipas de investigadores, criou o Instituto de
Estudos do Modernismo, mas diz agora que os atropelos à obra de Fernando Pessoa
estão em demasia.
Com uma vida marcada pelo exílio em Paris antes do 25 de
Abril, por uma carreira de triunfos como professora da Universidade Nova de
Lisboa e da Sorbonne, Teresa Rita Lopes é um nome conhecido em todas as partes
do mundo onde se fala a língua portuguesa. Acresce que à sua atividade
académica, a arte domina uma parte substancial da sua biografia. Por diversas
vezes premiada, Teresa Rita Lopes tem-se dedicado à escrita de poesia, de
narrativas e, acima de tudo, de textos para teatro, já amplamente levados ao
palco um pouco por toda a Europa, mas com incidência no nosso país e em França,
onde foi encenadora de diversas companhias.
Um dos motivos do encontro será também a sua mais recente
investigação em torno da obra «O Livro do Desassossego», que afinal foi escrito
por Vicente Guedes, Bernardo Soares e Fernando Pessoa ortónimo. Mas “há muito
que se anda a inventar um Pessoa que nada tem a ver com este que é por mim e
pelas minhas equipas, estudado com rigor”, refere Teresa Rita Lopes, que
aproveitará este encontro para definir diversas situações.
O encontro será também o da pensadora e criadora com o
fotógrafo Rui Gregório, com formação em Fotografia pela Escola Superior
Artística do Porto. Autor de diversas exposições individuais, Rui Gregório tem
em comum com Teresa Rita Lopes a paixão pelo Algarve das tradições e considera
que “Teresa é em si uma Biblioteca do tempo, faz parte da nossa paisagem
intelectual e quero criar uma metáfora através da imagem: irei fotografá-la
numa estante, onde o seu corpo ocupa o espaço dos grandes tomos do pensamento”.
Outro convidado é Rafael Coelho, que irá fazer o videoart do
encontro. Licenciado em Design artístico, diz Rafael Coelho que lhe importa o
timbre de voz de Teresa Rita Lopes: “gosto de ver e de me aproximar da
profundidade das pessoas pela voz”. Paula Bastardinho chegou a ser uma das
personagens de um texto que reabilitou o teatro de Robertos que há muito se
fazia nas feiras populares de Faro, «As barbas de Sua Senhoria». Tem do tempo
do contacto com os textos dramáticos de Teresa “a perceção muito clara de
estarmos perante uma dramaturga que é uma e é várias, de modo profundo,
integral, com uma força imensa de nos fazer acreditar que é tudo verdade”. Quem
muito aprecia a lavra poética da autora é Filomena Branco, com vasta
experiência no campo da Educação: “temos militâncias em comum e a poesia é uma
delas”. As estas intervenções soma-se a de Cristiano Cabrita que falará da sua
militância política, aqui e em França.