De 22 a 24 de julho, foram muitos os milhares de algarvios e turistas estrangeiros que trocaram o litoral pelo interior para participar em mais uma edição do «Salir do Tempo», Festival de Artes Medievais organizada pela Câmara Municipal de Loulé com a colaboração da Junta de Freguesia de Salir e a participação da Viv’Arte. Ao longo de três noites, assistiu-se a uma verdadeira viagem a uma época medieval com mais de 760 anos de história e que deliciou miúdos e graúdos.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O «Salir do Tempo» já faz parte do roteiro turístico do animado Verão algarvio e a presente edição, realizada entre 22 e 24 de julho, não defraudou as expetativas, chamando a esta vila da Serra do Caldeirão muitos milhares de visitantes, portugueses e estrangeiros. O objetivo: respirar, cheirar, saborear, observar, tocar, enfim, mergulhar numa recriação histórica do período da Reconquista que torna Salir num verdadeiro palco de experiências de regresso ao passado e onde, ao virar de cada esquina, nos deparamos com música, dança, artes performativas, animação itinerante, rábulas e estórias, exposições ou gastronomia.
Este ano, o recinto dividiu-se em três áreas temáticas – Cristã, Moura e Judaica – e trouxe muitas novidades ao nível dos espaços, tais como um acampamento castrense, uma caravana moura, um mercado dos petizes e dos infantis, o judeu ferreiro, o harém, o pátio das laranjeiras, a praça dos medicantes, a pedra da moura encantada, o poiso do visitante, a praça dos artistas ou as praças das beberagens e do sustento. E, neste mercado medieval, os produtos da época estiveram em evidência, graças a vários mercadores/produtores e às suas bancas de produtos tradicionais como o mel, cortiça, cestaria ou frutos secos, assim como os artesãos, com os seus ofícios ao vivo.
Com o dia a dar lugar à noite, as ruas da vila foram percorridas por mouros e cristãos, nobres e populares, mendigos e representantes do clero, bobos da corte e guerreiros, bailarinas de dança do ventre e cuspidores de fogo, personagens típicas de uma época que faz sonhar homens e mulheres de todas as idades e que criaram uma aura mística em todo o recinto. A recriação dos torneios medievais foi outro chamariz de grande impacto visual, enquanto os mais novos se podiam divertir na zona dos jogos medievais ou dar passeios de burro e cavalo. A exposição de falcoaria, os dromedários ou as serpentes foram outro motivo de interesse acrescido e muitos foram os que adquiriram recordações nas bancas de artesanato, desde a bijuteria árabe, às esculturas de fadas e elfos, mas também réplicas em madeira de escudos e espadas, coroas de flores, para além dos indispensáveis produtos agroalimentares, como frutos secos e frutos desidratados.
No «Salir do Tempo» recriou-se a preceito, como não poderia deixar de ser, a alimentação da Idade Média, com todos os pormenores pensados a rigor, exemplo dos talheres de madeira, dos pratos em pão e dos copos de barro, a que se juntavam os nomes dos pratos alusivos a esta época. E os visitantes tinham ainda a possibilidade de conhecer mais a fundo o Pólo Museológico de Salir, com a sua exposição de objetos do período islâmico, nomeadamente peças do quotidiana muçulmano como vasos, jarros, entre outros, encontrados após as escavações arqueológicas feitas junto às ruínas do Castelo de Salir, construído durante a ocupação Almóada, no século XII. Isto porque, reza a história, o Castelo de Salir foi escolhido por D. Paio Peres Correia para esperar por D. Afonso III, para desencadear a conquista do Algarve aos mouros. Depois, foi incendiado e reconstruído por duas vezes, restando, atualmente, ruínas das suas muralhas.