Faz, no início de agosto, um ano que foi apresentada oficialmente a Rota da Dieta Mediterrânica, uma iniciativa enquadrada no Plano de Salvaguarda da Dieta Mediterrânica e dinamizada pela Associação In Loco, com o apoio do Programa Operacional Algarve 21. O objetivo é qualificar, organizar e disponibilizar a todos os interessados locais e recursos patrimoniais onde estejam presentes os elementos identitários da Dieta Mediterrânica e, das duas dezenas de parceiros iniciais, hoje, são mais de 130 as empresas e entidades que fazem parte da RDM.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Associação In Loco e João Mariano

Há por este nosso Algarve, da ponta de Sagres ao extremo de Alcoutim, mil e uma possibilidades para desfrutar do estilo de vida que é a Dieta Mediterrânica, desde a excelente gastronomia aos produtos artesanais que combinam os materiais do passado à arte do presente, sem esquecer as raízes tradicionais, o património arquitetónico, a cultura que se respira e sente. E foi para se compilar toda essa oferta, mas também para a promover, divulgar e ajudar a criar oportunidades de negócios, que se começou a desenhar a Rota da Dieta Mediterrânica (RDM) há mais de três anos.
Na altura, no âmbito do projeto «Articular para Intervir», coordenado pela CCDR Algarve, uma série de entidades, públicas e privadas, realizaram diversas ações de valorização da Dieta Mediterrânica e a Associação In Loco assumiu, desde logo, o papel de dinamizador junto das empresas. “A Dieta Mediterrânica é, para nós, um estilo de vida, que envolve um regime alimentar bastante saudável, mas que vai muito para além disso. Tem a ver com a cultura, as artes, o património, o artesanato, os produtos locais de qualidade, unidos por esta atitude dos povos do Mediterrâneo perante o ambiente, o tempo e o intercâmbio cultural. É todo um estilo de vida milenar que foi reconhecido pela UNESCO como Património Mundial e Imaterial da Humanidade”, explica Artur Filipe Gregório, coordenador do projeto da RDM.
Se a gastronomia é a faceta mais visível, e mediática, da Dieta Mediterrânica, convém lembrar que nela se podem encontrar a agricultura, o artesanato, a produção agroalimentar, a restauração, entre outras atividades, sempre com a particularidade de simbolizar a celebração da vida em redor da mesa. “É à mesa que a família, o grupo, a sociedade, festeja, faz alianças, estabelece negócios e relações pessoais. Esse estilo de vida não estava a ser devidamente valorizado e aproveitado em Portugal, e particularmente no Algarve, onde ele é, precisamente, mais forte e vivo”, considera Artur Filipe Gregório, enfatizando que os modos de vida tradicionais têm sido abandonados, no nosso país, nas últimas décadas, desde a alimentação à própria produção, em favor de estilos de vida anglo-saxónicos. “Foi a invasão da fast-food e do dizer tudo em inglês, fenómenos culturais que não são os nossos, e fomos colocando de lado a nossa identidade cultural, aquilo que fomos no passado”, lamenta o entrevistado.
Perante este cenário, a Associação In Loco acredita que, trabalhando-se em rede, é possível ajudar as empresas a pegar nos produtos, paisagens e tradições intrinsecamente lusitanos e transformá-los em bens e serviços de elevado valor comercial e dificilmente reproduzíveis noutros pontos do planeta. “O reconhecimento da Dieta Mediterrânica como Património Mundial e Imaterial da Humanidade trouxe uma oportunidade única para pegar naquilo que faz a nossa cultura e criar produtos e serviços de extrema qualidade e forte personalidade”, afirma, acrescentando que os parceiros da RDM provém das áreas do artesanato e restauração, mas também de atividades como passeios turísticos à volta do património cultural, passeios geológicos, interpretação dos valores e recursos naturais e culturais e organização de eventos. “Há um património enorme relacionado com a ligação dos portugueses, e dos algarvios, com os Descobrimentos, e aquela época de abandono agrícola completo está a dar lugar a um conjunto de novos empresários que recuperam produtos autóctones e transformam-nos em produtos únicos no globo”.

Leia a entrevista completa em:
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