2016 está, de facto, a ser
um dos melhores anos turísticos para o Algarve, o que é sinónimo de hotéis
esgotados, o que, por sua vez, leva à necessidade destes reforçarem as suas
equipas. Por isso, fomos bater à porta da Timing, de Ricardo Mariano, uma das maiores
empresas de trabalho temporário da região, e o que descobrimos foi a história
de um jovem que começou por baixo, na hotelaria, também como trabalhador
temporário, e que desde então não parou de criar empresas e negócios de
sucesso.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
A azáfama era muito na sede da Timing, em Quarteira, e não é
de admirar. Com o Algarve a abarrotar de turistas, compreende-se o frenesim em
que andam muitas unidades hoteleiras da região que há vários anos recorrem aos
serviços de Ricardo Mariano para suprir as suas necessidades pontuais para
reforçar os quadros de pessoal. Corre-corre a que não escapa o próprio
empresário de 30 anos, um farense que teve que começar a trabalhar mal concluiu
o ensino secundário, na receção de um hotel. “Acabei por ficar lá três anos e,
aos 21 anos, abri a SW – Success Work, com um grupo de quatro sócios. Volvidos
três anos, fui a primeira vez à China, à aventura, de fábrica em fábrica e,
quando regresso, crio a «Pens.pt», que é, atualmente, a maior empresa de pendrives personalizadas de Portugal”,
começa por contar Ricardo Mariano.
Reconhecendo que nem sempre é fácil para um jovem de 18
conseguir um emprego para o ano inteiro, e com perspetivas de carreira, Ricardo
Mariano sentiu-se literalmente «empurrado» para a área do trabalho temporário e
tem bem frescas as memórias desse período da sua vida. “Ainda estava a tirar a
carta de condução, por isso, vinha de autocarro para Vilamoura às oito da manhã
e a empresa disponibilizava um motorista para me levar a Faro, por volta da
meia-noite, uma, duas da manhã”, recorda o entrevistado, que, entretanto,
vendeu a sua quota na SW e, em 2015, avançou para a Timing, sozinho, por sua
conta e risco. E depressa esclarece que trabalho temporário não é a mesma coisa
que trabalho precário, com horários longos e parcos vencimentos. “Isso é uma
falsa questão. Uma empresa de trabalho temporário proporciona um contrato de
trabalho, um seguro de acidentes de trabalho, paga os descontos na Segurança
Social, os subsídios de férias e de Natal, para além, claro, do salário que é
praticado no hotel. Todas as questões legais estão asseguradas, o que não
acontece a muita gente que anda a trabalhar neste Algarve, principalmente na
época alta, por fora ou a recibos verdes”.
Ricardo Mariano sublinha que a Timing é uma porta de entrada
rápida no mercado de trabalho e muitos funcionários acabaram por ficar mesmo
efetivos nas empresas que solicitaram os seus serviços. “Temos pessoas em
regime de trabalho temporário o ano inteiro, são percursos muito longos. Aliás,
algumas até preferem não assinar um contrato diretamente com essas empresas
porque sabem que, se o trabalho reduzir nesse local, têm muito mais facilidade
em serem colocadas noutro sítio logo de seguida”, indica, adiantando que a
maior parte dos seus clientes são hotéis de quatro e cinco estrelas e que
predominam as profissões como empregados de mesa, cozinheiros e empregadas de
limpeza.