Voz maior da poesia portuguesa e internacional, um dos mais
importantes poetas da atualidade portuguesa, com vasta obra traduzida em
diversas línguas, renovador da linguagem poética nacional com os Cadernos da
Poesia 61, vulto persistente e incontornável da poesia europeia, em processo de
edição da sua obra completa, Casimiro de Brito foi homenageado, no dia 27 de
outubro, na segunda edição do Poesia a Sul. Nascido em Loulé em 1938, Casimiro
de Brito foi um dos fundadores do movimento literário Poesia 61, que representa
um ponto de viragem e renovação na forma como se escreve poesia em Portugal e
no mundo. Nas palavras do comissário do Encontro, Fernando Cabrita, “a geração
do Poesia 61 falava dos problemas sociais sem, no entanto, ser panfletária.
Abordava temáticas como a guerra e a paz mantendo um lirismo que não se coaduna
com a linguagem panfletária”.
De acordo com Fernando Cabrita, também na forma a poesia de
Casimiro de Brito veio cortar amarras em relação à tradição «clássica» que
vigorava até então: “a poesia deixou de estar sujeita a métricas e a regras” e
tornou-se mais livre do ponto de vista formal. Impossibilitado de estar
presente devido a questões de saúde, o poeta que, apesar da idade, imprime
ainda hoje uma grande carga erótica aos seus poemas, foi citado a propósito da
sua vitalidade por Fernando Cabrita quando, há cerca de 10 anos disse de si e
da sua obra: “o essencial ainda está por vir”.
O sétimo dia da edição de 2016 do Encontro Internacional
Poesia a Sul ficou também marcado pela apresentação do livro da jornalista do
Expresso Ana Cristina Leonardo, «O Diário do Farol – A Ilha, a Cadela e Eu». O
volume é editado pela Hierro Lopes, uma editora que prima pela originalidade,
uma vez que todos os exemplares são feitos manualmente utilizando técnicas do
século XIX, o que resulta num trabalho artesanal, em que cada livro é um objeto
único. De acordo com a autora, nascida em Olhão, este relato intimista resulta
da experiência da sua estadia de mais de dois meses na Ilha do Farol, durante o
inverno de 2014: “De forma inconsciente, comecei a registar as impressões
daquele meu quotidiano de que só fazia parte eu, a minha cadela e, de uma forma
muito mais esporádica, as cerca de 20 pessoas que vivem na ilha durante os
meses de inverno. O livro é povoado pelas trovoadas, a chuva, as marés… até o
comportamento da cadela. No fundo, trata-se de uma tentativa de apaziguamento
através da escrita”.