Luís Ferrinho foi recentemente considerado um
dos 50 empresários mais poderosos do setor do turismo do ano 2016 pelo
conceituado jornal brasileiro «Panrotas», muito por causa do programa Omnibees,
presente em 3500 hotéis de toda a América Latina. A caminhada deste farense
iniciou-se, porém, há mais de duas décadas, ao leme da Visualforma, ainda hoje
líder no ramo da informática, infraestruturas e consultadoria. Agora, o futuro
passa por adquirir concorrentes para crescer na Europa, enquanto resiste a todo
o custo às muitas propostas milionárias que vão surgindo para vender o
Omnibees.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
O Luís Ferrinho é daqueles empresários que começou a dar nas
vistas no Algarve numa altura em que, em Portugal, ainda ninguém ouvido falar
de «empreendedorismo», muito menos em «start-ups», conceitos que hoje estão
bastante na moda. Mas assim aconteceu com este farense que, ainda durante o
ensino secundário, começou a adaptar programas de faturação à realidade
específica de algumas empresas, no início da década de 90. O sucesso foi tal
que, em 1995, nasceu a Visual Forma, empresa de Informática, Infraestruturas e Consultadoria
sobejamente reconhecida no plano nacional. Mas é por causa do «Omnibees» que
estivemos à conversa com Luís Ferrinho no início de outubro, numa das poucas
ocasiões em que se encontra no Algarve, já que reside a tempo inteiro no Brasil
há alguns anos. “O Omnibees é um produto dedicado ao turismo e que abarca tudo
aquilo que diz respeito a distribuição e marketing para hotéis. É uma
ferramenta para auxiliar os hoteleiros na distribuição para a Booking, Expedia,
operadores turísticos, agências de viagens e sítios de internet de hotéis”,
explica resumidamente o entrevistado.
Um produto direcionado para a hotelaria nascido numa região
cuja principal atividade económica é precisamente o turismo parece algo
perfeitamente natural, mas isso não quer dizer que o percurso tenha sido rápido
e fácil. Porém, à medida que a Visual Forma ia crescendo, alicerçada a
poderosos parceiros como a IBM, Cysco e Microsoft, foi crescendo também a
vontade de não se limitarem apenas a revender os produtos dos outros, mas em
criar os seus próprios produtos. Aliás, foi assim que a Visual Forma tinha
nascido. “Continuamos no negócio das infraestruturas e a vender as marcas de
referência, mas decidimos avançar para uma solução fabricada por nós e esse
processo de investigação arrancou em 2007/08. O Omnibees deu os primeiros
passos em 2009 e, em final de 2010, o produto estava acabado e pronto para ir
para o mercado. Hoje, temos mais de 3500 hotéis como clientes no mundo inteiro
e fazemos vendas diretas, não temos intermediários”, salienta Luís Ferrinho.
Já se sabe que o Algarve não é propriamente um Silicon
Valley, mas nem só as empresas tecnológicas sentem grandes dificuldades em
vender os seus produtos além-fronteiras, observa o entrevistado, com tristeza.
“Sentimos esse problema com a Visual Forma mas, apesar disso, abrimos um
escritório em Lisboa e temos clientes em todo o país. No processo de
desenvolvimento da Omnibees, contratamos alguns consultores internacionais para
percebermos em que lugares do mundo deveríamos apostar a nível de estratégia comercial,
porque o Algarve, e Portugal, por si sós, não permitiam rentabilizar o
produto”, garante Luís Ferrinho, falando em milhões de euros aplicados em
investigação ao longo dos anos. “O relatório indicou-nos o Brasil e a China
como locais ideais para crescer e que o Brasil seria o país do mundo onde iriam
aparecer mais pequenas cadeias de hotéis independentes”, prossegue.
De malas e bagagens partiu Luís Ferrinho para o país irmão, ciente de que os concorrentes eram muito fortes, normalmente americanos, e alguns europeus, mas a Omnibees é líder de mercado na América Latina, o que significa que o Algarve pode ser berço de projetos de sucesso de qualquer tipo e feitio. Neste caso, todavia, são necessários recursos humanos com conhecimentos específicos e essa é uma discussão que o nosso interlocutor já teve por diversas vezes com a Universidade do Algarve. “Nós achamos sempre que as universidades devem estar mais voltadas para as empresas e tem sido realmente difícil contratar quadros com muita qualidade. Temos uma equipa de investigação e desenvolvimento bastante grande, estamos em processo de contratação de mais 16 pessoas, mas a tarefa não é fácil”, reconhece, porque o Algarve possui essencialmente pequenas e médias empresas, o que leva os recursos humanos a procurar oportunidades de trabalho fora da região.
Leia a entrevista completa em:
https://issuu.com/danielpina1975/docs/algarve_informativo__78