A 3,3 milhas da barra de Portimão, duas embarcações de grande dimensão colidem, registando-se 147 vítimas, 31 ficam desaparecidas exigindo ações de buscas subaquáticas. Foi este o cenário testado, a 30 de outubro, no segundo dia das primeiras «Jornadas Nacionais de Mergulho do Algarve», iniciativa integrada nas comemorações dos 90 anos dos Bombeiros de Portimão, promovida por estes numa coorganização com o Município de Portimão e a Autoridade Nacional de Proteção Civil, contando com o apoio da Autoridade Marítima Nacional.
As jornadas tiveram início, no dia 29 de outubro, com um ciclo de palestras de referências nacionais no âmbito do Salvamento Marítimo e terminaram, no dia seguinte, com o referido exercício de âmbito nacional, com meios reais de salvamento aquático dos Bombeiros, Autoridade Marítima, Grupo de Intervenção em Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e Força Especial de Bombeiros (FEB). Face à dimensão do «sinistro», foram ativadas em apoio ao Grupo de Mergulho Forense da Polícia Marítima e à Unidade de Intervenção em Salvamento Aquático (UNISA) dos Bombeiros do Algarve, mais 13 equipas de bombeiros-mergulhadores provenientes dos distritos de Vila Real, Porto, Aveiro, Viseu, Castelo Branco, Portalegre, Santarém, Leiria, Lisboa, Setúbal e Beja, bem como do GIPS da GNR e FEB da ANPC, empenhando um total de 173 operacionais de salvamento aquático (entre mergulhadores e condutores de embarcações de socorro).
Os objetivos propostos foram atingidos, quer no que concerne à necessidade de testar procedimentos operacionais inerentes à mobilização, despacho, movimentação, empenhamento e sustentação de inúmeras equipas multidisciplinares no âmbito do salvamento aquático, bem como na coordenação entre os diversos atores que concorrem para uma operação de proteção e socorro na resposta a uma acidente grave desta natureza. Todos os participantes foram unânimes no balanço muito positivo desta iniciativa e enalteceram a forma profissional e proficiente como foi organizada pelos promotores locais.
Paralelamente, com o intuito de potenciar o momento, também o Serviço Municipal de Proteção Civil aproveitou a oportunidade para testar as várias vertentes da sustentação logística e aferir eventuais fragilidades nesta vertente. Reconhecendo o papel preponderante da estrutura de proteção civil municipal, e dos seus agentes e entidades cooperantes, nas diversas vertentes da logística operacional, foi ativada ao longo de três dias (entre sexta e domingo) uma Zona de Concentração e Reserva (ZCR) que incidiu em duas localizações distintas, nomeadamente, na Escola E.B. 2,3 Júdice Fialho, onde ficaram alojados em «modo campanha» mais de 170 operacionais, assegurando-se naquele local a respetiva higiene, alimentação, gestão do esforço e estacionamento de meios de reserva. E, na zona ribeirinha de Portimão, onde foi instalada uma segunda área de alimentação, uma área de reabastecimentos, uma área de apoio medico e toda a estrutura de coordenação, comando, controlo e comunicações.
Neste exercício participaram 173 operacionais, 47 veículos e 14 embarcações, provenientes de 23 Corpos de Bombeiros de todo o País, Policia Marítima, ISN, ANPC, GNR, PSP, INEM, FEB e SMPC de Portimão. Colaboraram efetivamente nas operações de sustentação os Agrupamentos de Portimão e de Alvor do Corpo Nacional de Escutas (CNE), a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portimão, a Administração do Porto de Sines e Algarve, o Agrupamento de Escolas Júdice Fialho, a Portisub, a Marina de Portimão e o Clube Naval de Portimão. As lições aprendidas em cada treino, e em cada exercício fortalecem as capacidades locais para situações de emergência, contribuindo significativamente para a construção de uma comunidade mais resiliente.