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Carlos Manuel Martins, Secretário de Estado do Ambiente |
O Secretário de Estado do
Ambiente, Carlos Manuel Martins, deslocou-se ao Algarve, no dia 31 de outubro,
para a colocação da primeira pedra da futura Estação de Tratamento de Águas
Residuais de Faro-Olhão, projetada para dar resposta aos desafios crescentes da
atualidade e com um orçamento de 21 milhões de euros. A construção da
infraestrutura permitirá desativar os sistemas de lagunagem das ETAR de Faro
Nascente e Olhão Poente, contribuindo, desta forma, para a melhoria global do
meio ambiente.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Daniel Pina
Parte significativa das águas residuais geradas nas cidades
de Faro e Olhão são tratadas na ETAR de Faro Nascente e de Olhão Poente,
respetivamente, que se encontram subdimensionadas face às condições de
afluência (qualitativa e quantitativa) atuais. Para além disso, as duas
infraestruturas assentam em sistemas de lagunagem que se revelam desadequadas devido
aos níveis de qualidade agora exigidos para o efluente tratado a descarregar no
meio recetor, ou seja, na Ria Formosa. A solução mais vantajosa, técnica e
economicamente, encontrada pela «Águas do Algarve» passa pela construção da
futura ETAR de Faro-Olhão, no local da atual ETAR de Faro Nascente, com a
consequente desativação das ETAR de Faro Nascente e ETAR Olhão Poente e ligação
do subsistema de saneamento de Olhão Nascente à nova ETAR, mediante a
construção de um Sistema Elevatório. O orçamento previsto é de 21 milhões de
euros, cofinanciados em 85 por cento pelo Fundo de Coesão da União Europeia, no
âmbito do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos
(POSEUR).
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Teresa Correia |
A nova ETAR permitirá servir uma população equivalente de
113 mil e 200 habitantes, correspondendo o caudal médio diário de 28 mil e 140
metros cúbicos/dia. A solução adotada contemplará, na fase líquida, as etapas
de tratamento preliminar, biológico e desinfeção, possuindo ainda uma
desinfeção adicional para produção de água de serviço. A fase sólida do
tratamento inclui espessamento gravítico, desidratação de lamas por
centrifugação e armazenamento temporário em silos. Quanto ao ar das etapas de
tratamento mais odoríferas, será captado e tratado num sistema por lavagem
química. A infraestrutura marca, assim, um novo paradigma na conceção de
instalações deste tipo, com um tratamento biológico inovador assente numa
tecnologia de grânulos aeróbicos, que permite diminuir o volume global de
construção, reduzir as emissões de carbono e contribuir para a sustentabilidade
global da instalação.
Após as explicações técnicas, aconteceu a colocação
simbólica da primeira pedra pelo Secretário de Estado do Ambiente, seguindo-se
as intervenções das várias entidades envolvidas no processo. “A Ria Formosa
estava ameaçada em função da não resolução de um problema que se arrastava há
vários anos, daí estarmos satisfeitos por, finalmente, alguém ter decidido
avançar com uma obra tão estruturante como esta”, frisou na ocasião Teresa
Correia, Vereadora da Câmara Municipal de Faro, manifestando total
disponibilidade da autarquia farense para ajudar a solucionar quaisquer
problemas que possam surgir durante a construção.
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António Miguel Pina |
Grande satisfação
exibiu, igualmente, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de
Olhão, embora entenda que esta ETAR devia ter sido a primeira a ser construída
pela «Águas do Algarve».
“Encontra-se num espaço muito rico ambientalmente, um
dos espaços húmidos mais importantes da Europa, daí justificar-se este
investimento”, afirmou, grato também por verificar que o Ministério do Ambiente
está preocupado em defender a Ria Formosa e em dar luz verde e apoiar os
investimentos que são necessários realizar nesta zona do Algarve, desde as ETAR
aos esgotos que as autarquias terão que fazer.
“Mas também as aberturas das
barras e as dragagens dos canais. São pilares fundamentais do ponto de vista da
sustentabilidade ambiental e a «Águas do Algarve» dá agora o primeiro passo
para resolver um deles”.
O outro
concelho que será servido pela nova infraestrutura é São Brás de Alportel e
Vítor Guerreiro depressa expressou o desejo dos autarcas algarvios em deixarem
um legado para as novas gerações que tenha uma perspetiva de futuro. “O Algarve
é uma zona turística, a nossa economia assenta essencialmente sobre o turismo e
não nos podemos esquecer das questões ambientais. Têm sido feitos muitos
investimentos ao longo da última década em termos de ambiente, há bastante
ainda por fazer, mas esta obra vem marcar toda a diferença”, sublinhou,
confirmando que as câmaras municipais têm ainda que ampliar as suas redes de
tratamento de águas residuais, bem como torná-las mais eficientes, isolando-as
das redes de águas pluviais. “Contamos com o apoio do quadro comunitário para
avançarmos para esses investimentos, para que possamos ter um Algarve mais
limpo e apetecível”, reforçou o edil são-brasense.
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Vítor Guerreiro |
Em nome da
«Águas do Algarve» falou Joaquim Peres, indicando ser esta a última grande obra
de tratamento de efluentes prevista para a região algarvia e que irá utilizar,
pela primeira vez num sistema de raiz, um método de tratamento inovador em
Portugal.
“Experimentámos numa ETAR em Lisboa, funcionou perfeitamente, e com
dois resultados extremamente importantes: por um lado, a economia de energia,
que é significativa; por outro, a diminuição da ocupação de superfície de todo
este espaço”, explicou o presidente do Conselho de Administração, acrescentando
que esta infraestrutura só agora nasce pela possibilidade das várias entidades
envolvidas colaborarem entre si.
“Toda a gente se juntou para que este trabalho
fosse para a frente e desejo que esta situação se prolongue no futuro porque,
só uns com os outros, é que somos capazes de fazer crescer obras desta
natureza”.
Seguiu-se nas
intervenções oficiais o presidente da «Águas de Portugal», João Nuno Mendes,
que enfatizou a preocupação ambiental existente em torno desta moderna ETAR,
que deverá entrar em funcionamento no final de 2018, sendo que a de Portimão
está prevista para março de 2018. “Estamos a associar a estes investimentos
sistemas de lagoas, que têm uma mais-valia ambiental extraordinária, portanto,
se conseguirmos prolongar este excelente quadro de colaboração das diferentes
entidades para a questão da requalificação das lagoas, de maneira a construir
um cronograma compatível com o início de exploração das duas ETAR, estaremos a
criar um valor muitíssimo grande do ponto de vista ambiental e económico para o
Algarve”, afirmou.
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Joaquim Peres |
A cerimónia
terminou com as palavras do Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Manuel
Martins, que estava certo da ETAR de Faro-Olhão ser imprescindível para a
qualidade de vida dos algarvios e dos visitantes da região, assim como para a
Ria Formosa e para os municípios de Faro e Olhão.
“Trata-se de requalificar uma
ETAR que já não tinha um desempenho ambiental à altura dos desafios que temos
pela frente e a dar um upgrade em
termos de eficiência de tratamento e de controlo do processo. Demos também o
pontapé de saída, na Companheira, para outra obra bastante importante para o
Algarve e, em conjunto com esta ETAR e o sistema elevatório que lhe está
associado, ultrapassam-se os 30 milhões de euros de investimento da «Águas do
Algarve», que é a empresa, dentro do grupo «Águas de Portugal», com melhor
desempenho na execução dos fundos comunitários”, destacou o governante.
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João Nuno Mendes |
Carlos Manuel
Martins chamou ainda a atenção para a questão das lamas que serão produzidas
pelas duas novas ETAR e que poderão gerar mais-valias do ponto de vista
energético, num país que é tão carenciado de matéria orgânica nos seus solos. Por
outro lado, face à sofisticação tecnológica das novas infraestruturas, o
Secretário de Estado do Ambiente disse ser apologista de uma maior ligação do
Grupo às universidades e politécnicos, no sentido de se promover mais
investigação e conhecimento.
“Quanto mais soubermos, quanto mais competências
houver a nível nacional, mais facilmente poderemos conquistar os mercados
internacionais ou, neste caso, levar o nosso saber para outros territórios”,
justificou, deixando ainda um desafio para a criação de empresas
intermunicipais para lidar com esta matéria concreta.
“Não nos podemos esquecer
que temos, em Portugal, 160 municípios com menos de 20 mil habitantes e 100
municípios com menos de 10 mil habitantes, ou seja, geralmente não têm escala,
nem competências instaladas, para os desafios de gerir os sistemas de água e
saneamento com as suas exigências atuais. Não queremos baixar o nível de
serviço às populações e todo este trabalho é feito para o cliente final, para
lhe chegar água de qualidade às torneiras, para termos uma bandeira azul à
nossa espera quando vamos a uma praia. Não podemos hipotecar o caminho que foi
percorrido nestes últimos 20, 25 anos”, concluiu.