Continuando a apostar numa linha de atuação baseada em
critérios de qualidade, diversidade e originalidade, além de propostas mais
convencionais e dirigidas a um público mais generalista, o Cine-Teatro Louletano
prossegue ainda com uma intervenção mais arrojada no primeiro semestre de 2017,
privilegiando também uma programação experimental, interdisciplinar,
questionadora e de cariz contemporâneo que visa a captação e consolidação de
novos públicos, posicionando-se assim, nessa dupla dimensão, como um
equipamento cultural de referência na região algarvia e no sul de Portugal.
Na área do Teatro destaca-se, logo em janeiro, a
apresentação de «Leôncio & Lena», criação de João de Brito que venceu o 1.º
Convite à Criação lançado pela Rede Azul - Rede de Teatros do Algarve. É uma
peça que reflete sobre a identidade cultural do Algarve, nomeadamente sobre os
contrastes e paralelismos entre o barlavento e o sotavento a partir de uma
história de amor. Ainda em janeiro chega a Loulé, em absoluta estreia algarvia,
«O Nome da Rosa», uma maratona teatral com Rosa Mota, aqui numa parceria com o
Teatro Municipal do Porto. Espetáculo surpreendente, criado pelo prestigiado
Pedro Penim, do Teatro Praga, conta com a participação de Rosa Mota em palco,
contracenando com talentosos atores, e revisita o seu glorioso percurso na área
desportiva.
Pelo palco do Cine-Teatro passam ainda: o importante
trabalho de investigação de Luísa Monteiro sobre os portugueses e o holocausto,
que resultou na peça «O judeu que guardou portugueses no Quarto de Van Gogh»,
que chega em fevereiro a Loulé; a inquietante e perturbadora peça «A Noite
Canta», de Tiago Correia a partir de um texto fundamental de Jon Fosse; «A
Noite da Iguana», com os aclamados atores Maria João Luís e Nuno Lopes (entre
outros), a realizar em março no âmbito do Dia Mundial do Teatro; ou, em maio, a
peça «Pájaro», da Fundación Teatro a Mil, que ruma a Loulé vinda diretamente do
Chile.
Para os amantes da Sétima Arte muitas e variadas são as
sugestões. Desde, em janeiro, a 3.ª edição da Mostra Internacional de Cinema
Social, que inclui filmes como o aclamado documentário «Human», de Yann
Arthus-Bertrand, ou «De Cabeça Erguida», com a atriz e realizadora francesa
Emmanuelle Bercot, voltam a VII Mostra de Cinema da América Latina (no final de
janeiro), a 10ª Festa do Cinema Italiano (maio) e, quase a fechar a temporada,
em junho, a primeira apresentação no Algarve de «Cruzeiro Seixas - As cartas do
Rei Artur», aclamado documentário da realizadora louletana Cláudia Rita
Oliveira sobre a intensa relação de Seixas com o surrealista Mário
Cesariny.
Na Música destaca-se o lançamento de um novo ciclo
programático intitulado «Femina», que ao longo de 2017 incluirá concertos com
grandes vozes no feminino, privilegiando a apresentação de novos álbuns e conversas
do público com as artistas: As primeiras quatro convidadas são Teresa Salgueiro
(janeiro), Rita Redshoes (fevereiro), Luísa Sobral (março) e Aurea (abril). Uma
palavra também para um ciclo musical muito especial que acontece em fevereiro,
numa parceria com o São Luiz Teatro Municipal, denominado «Avenida Paulista» e
que traz ao Algarve grande nomes da nova música brasileira como Dom La Nena,
MOMO, Dani Black & Mariana Aydar e Marcia Castro para concertos que se
esperam surpreendentes e contagiantes, dando a conhecer ao público algarvio o
que de melhor se produz atualmente no Brasil.
Prossegue o ciclo programático «O Longe é Aqui», que, depois
de quatro diálogos musicais inéditos já realizados em 2016 entre
artistas/grupos louletanos e reconhecidas figuras do panorama nacional,
apresenta agora um encontro entre Perigo Público (hip hop) e os Couple Coffee
(em fevereiro, em Quarteira, no âmbito do programa comemorativo do centenário
da freguesia de Quarteira), outro que junta o Trio de Jazz de Loulé a Pedro
Abrunhosa (em maio) e ainda um concerto em que a Banda Filarmónica Artistas de
Minerva interage com os Virgem Suta (junho).
Ainda na vertente musical, destaque para o concerto de
Camané com Mário Laginha reinventando o fado em fevereiro, bem como, em março,
para um espetáculo interdisciplinar inédito que junta João Afonso (sobrinho de
José Afonso) a Luís Galrito e convidados (o Barco do Diabo) para assinalar os
30 anos sobre o falecimento do incontornável cantautor José Afonso e, em
especial, as suas ligações afetivas, simbólicas e musicais ao Algarve. Em maio,
comemora-se o Dia Mundial do Acordeão (a 6 de maio) com tertúlia e concerto com
prestigiados músicos, numa organização da Mito Algarvio - Associação de
Acordeonistas do Algarve, e estende-se a Loulé o festival «Segredos de Lucía»,
organizado pelo Município de Castro Marim e com o apoio do programa 365 Algarve
e da edilidade louletana, e que conta com a participação do Pedro Jóia Trio e
de um convidado especial louletano numa homenagem ao mago da guitarra Paco de
Lucía. De sublinhar ainda os concertos em Loulé com a Orquestra Metropolitana
de Lisboa e Laurent Rossi (este sobre a História da Trompa) inseridos no FIMA -
Festival Internacional de Música do Algarve, que regressa após um interregno, agora
pela mão da Orquestra Clássica do Sul e no âmbito do programa 365 Algarve.
Uma outra inovação programática prende-se com o início de
uma parceria de continuidade, ao longo de 2017, com a reconhecida Companhia de
Música Teatral centrada na arte para a infância, sendo esta área uma prioridade
estratégica do Cine-Teatro a nível da sua intervenção, procurando colmatar
lacunas na região algarvia a nível de formação, debate e reflexão, e
apresentação de inovadoras propostas performativas destinadas às primeiras
infâncias. Esta parceria envolverá a Universidade do Algarve e a Rede
Azul.
Os «Cenários - Mostra de Teatro de Loulé» prosseguem com
mais uma edição, valorizando, estimulando e promovendo as associações culturais
do concelho com valências nessa área e descentralizando a oferta teatral, bem
como o «Som Riscado - Festival de Música e Imagem de Loulé», que, após a edição
inaugural em 2016, volta a apostar num cartaz surpreendente em torno dos
diálogos entre som e imagem. Também no âmbito do programa 365 Algarve regressam
os Encontros do DeVIR para a sua 3ª edição, sob o tema «cidades utópicas,
cidades possíveis», com duas apresentações em Loulé que pensam e questionam os
territórios e as comunidades.
O Cine-Teatro continua a dinamizar as rubricas regulares «Dos
Sabores da Cultura» e «Conversas à Quinta», por aí passando em 2017 nomes como
Horácio Costa (do bar Bafo de Baco), Padre Carlos Aquino, António Clareza, José
Carlos Fernandes e Jacinto Lucas Pires, em sessões intimistas e informais de
partilha, cumplicidade e debate. A aposta na Dança é uma tónica na programação,
não só numa vertente mais interdisciplinar e contemporânea com uma estreia
absoluta no Algarve, o novo espetáculo «Suspensão», da Companhia Clara
Andermatt (em abril), e a performance «Interferências», pela «corpodehoje», mas
também a pensar nos amantes do Tango e do Flamenco, com dois fins de semana
dedicados a esses universos, os quais incluem concertos e workshops.
O Humor também subirá ao palco do Cine-Teatro com Pedro
Tochas (fevereiro) e Nilton (junho), e a relevância atribuída à oferta
educativa destinada à comunidade escolar e às famílias do Concelho mantém-se
com a apresentação de dois espetáculos de exceção em estreia no Algarve: «Barlavento»,
um concerto com canções tradicionais, numa contagiante dramaturgia musical,
sonora e visual, a cargo dos inspiradores Carla Galvão, Fernando Mota e Rui
Rebelo; e «A Cidade da Tristeza Profunda», uma surpreendente parábola sobre o
poder da música com os Dead Combo.