O Museu Municipal de Faro recebe, desde dia 7 de dezembro, a exposição «O Regresso do Objeto: Arte dos Anos 1980», organizada pelo Museu de Serralves em parceria com a Câmara Municipal de Faro e com o apoio do Programa «365 Algarve». Na inauguração oficial ficou-se a saber, também, que Faro vai ser um dos membros-fundadores da Fundação de Serralves, em mais um passo rumo a «Faro – Capital Europeia da Cultura 2027»

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Foi inaugurada, no Museu Municipal de Faro, no dia 7 de dezembro, a exposição «O Regresso do Objeto: Arte dos Anos 1980», uma coorganização do Museu de Serralves e da Câmara Municipal de Faro. Trata-se de uma mostra única de pintura e escultura que traz até à capital algarvia sete consagrados artistas, três deles com forte ligação ao Algarve, designadamente Pedro Cabrita Reis, Rui Sanches e Xana, a que se somam Rui Aguiar, Gerardo Burmester, Rui Chafes e Harald Klingelhöller.
A mostra recorda os anos 80, período marcado pelo fim do isolamento social e cultural imposto pela ditadura de Salazar, e resulta de um exercício de descentralização através do qual o Museu de Serralves pretende dar a conhecer a sua extensa e distinta coleção de arte contemporânea. Mas a exposição assinala, igualmente, o início de uma relação institucional de proximidade entre a autarquia farense e a Fundação de Serralves, com o intuito de reforçar a oferta e a diversificação cultural do concelho de Faro. “O que estamos hoje a fazer é a materializar uma aproximação efetiva à Fundação de Serralves e também à região do Porto, tornando os espaços museológicos de Faro como potenciais destinos temporários de algumas das mais importantes obras de arte contemporânea que o nosso país conhece”, confirmou Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro.
O edil aproveitou para revelar que Faro foi admitido ao Conselho de Fundadores da Fundação de Serralves, passando a fazer parte de um lote exclusivo de municípios que acreditam que esta ligação pode representar um grande incentivo para ampliar atos culturais e gerar novas ofertas nas indústrias criativas. “E pode ajudar a compor, com maior profundidade, a nossa proposta de «Faro Capital Europeia da Cultura» em 2027. Penso que não poderíamos começar esta relação de melhor maneira, porque esta exposição é um repositório de algumas das mais incríveis criações de autores consagrados, uma seleção de pinturas e esculturas de sete artistas com percursos muito acentuados nos anos 80 do século passado”, afirmou.
Presente na inauguração esteve Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, que indicou a intenção desta entidade em levar, ainda com maior afinco em 2017, a arte contemporânea às populações de norte a sul do país. “Este trabalho é realizado em rede com as autarquias nossas fundadoras e não se limita à exposição que é organizada, mas também a um serviço educativo desenvolvido em especial para cada mostra e de acordo com os objetivos de cada município”, explicou, satisfeita por estas parcerias se terem estendido agora a Faro. “A exposição apresenta 15 trabalhos representativos de vários artistas, portugueses e estrangeiros, cujas obras começaram a ser bastante reconhecidas na década de 1980, momento que marca a abertura da arte portuguesa ao meio internacional”, frisou Ana Pinho.  
Visivelmente agradada com a aceitação de Faro como um dos membros fundadores da Fundação de Serralves estava Dália Paulo, coordenadora do «365 Algarve», programa que nasceu da identidade da região, dos seus criadores e dos municípios algarvios. “Por isso, vemos estas parcerias com muito bons olhos, porque não acabam amanhã, mas perspetivam, sim, o futuro na área da cultura. O «365 Algarve» tem permitido tornar sonhos realidade e esta exposição também é disso reflexo. Espero verdadeiramente que este seja o caminho de futuro para a cidade de Faro, porque também defendo que a arte contemporânea deve ser uma das vertentes fundamentais desse percurso”, salientou Dália Paulo.
Recorde-se que a Coleção de Serralves integra atualmente mais de quatro mil e 300 obras, das quais mil e 700 são propriedade da Fundação de Serralves e as restantes, provenientes de diversas coleções, privadas e públicas, foram alvo de depósito de longa duração. A Coleção de Serralves inclui ainda cerca de cinco mil livros e edições de artistas. O seu núcleo é a arte contemporânea produzida desde 1960 até à atualidade, mas arte anterior a essa data pode também ser considerada em função da sua relevância para a coleção e para os artistas nela representados.
Cumprindo o seu programa de pesquisa e desenvolvimento permanentes, a Coleção de Serralves pretende distinguir-se por uma apurada atenção à criação do século XXI, em particular à relação das artes visuais com a performance, a arquitetura e a contemporaneidade no âmbito de um presente pós-colonial e globalizado. Assim, embora repercutindo a arte e as ideias do nosso passado recente, a Coleção tem como propósito refletir sobre o modo como a arte de hoje também antecipa o seu futuro. A exposição agora inaugurada no Museu Municipal de Faro estará patente até 19 de fevereiro de 2017.