A ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve apresentou, no dia 16 de fevereiro, no auditório da CCDR Algarve, em Faro, o projeto «Algarve Store & Business Online», uma estratégia de abordagem aos mercados internacionais, assente na economia digital, num modelo de negócio B2B e B2C, com todas as vantagens que daí podem advir para as exportações das empresas dos 16 concelhos algarvios e para a consolidação da economia regional e nacional.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

O «Algarve Store & Business Online», da responsabilidade da ACRAL, foi aprovado no âmbito do Sistema de Apoios a Ações Coletivas – Internacionalização do CRESC ALGARVE 2020 e contempla um investimento total perto dos 700 mil euros, com fundos comunitários na ordem dos 488 mil euros e comparticipação privada a rondar os 210 mil euros. O projeto dá continuidade ao trabalho desenvolvido no «Algarve Positivo», através da implementação de ferramentas que possibilitem às empresas da região a prospeção, conhecimento e acesso a novos mercados e de processos colaborativos de internacionalização, de partilha de conhecimentos e de capacitação para a internacionalização. Dá igualmente resposta à valorização económica, por via da tecnologia e de novos usos de produtos endógenos em que o Algarve apresenta qualidade, através da internacionalização e capacitação das Pequenas e Médias Empresas por meio da economia digital.
Dúvidas não existem em relação à qualidade dos produtos típicos do Algarve mas, na opinião de Álvaro Viegas, presidente da ACRAL, por vezes falta coordenação entre os diversos agentes, a concentração desses bens e serviços e a capacidade de organização para os exportar para os mais diversos países. “Para resolver esses problemas foi elaborada esta candidatura, que foi aprovada e está em desenvolvimento, sendo nosso desejo que, até final de 2017, tudo esteja concluído para avançar para o terreno no início de 2018. Existem outras plataformas, algumas delas com grande sucesso para outras áreas, mas este é um projeto pioneiro em Portugal, por permitir a promoção, a exposição e a possibilidade de venda e pagamento dos nossos produtos regionais”, salientou o dirigente associativo. 
Em representação da edilidade farense, a Vereadora Teresa Correia mostrou o seu agrado pelo lançamento desta iniciativa e garantiu que a autarquia está sempre ao lado dos produtores algarvios. “Vemos na qualidade dos nossos produtos uma excelente maneira de alavancarmos a recuperação do tecido económico da região e de propiciarmos um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Temos as melhoras amêndoas e laranjas do mundo; um mel de eleição; o medronho – uma bebida espirituosa única; o vinho, que começa a ser tido como um produto de excelente qualidade; temos o peixe e o marisco mais frescos, entre outros”, enumerou, concordando que falta alguma organização e um trabalho de marketing mais profundo e orientado para mercados específicos para que os resultados dos produtores locais sejam mais positivos.
Para Teresa Correia, o «We Shop Algarve» tem o condão de envolver toda a região e todos os setores económicos, “abrangendo os agentes e os atores fundamentais na geração de valor acrescentado para a economia”. “A existência de uma rede ativa de produtores, intermediários e comercializadores dos nossos produtos fomentará a criação de sinergia e a integração e partilha de conhecimento no ciclo económico. Com esta forma inteligente de comunicarmos e de nos organizarmos, estou certa de que os mercados estarão efetivamente ao nosso alcance”, entende a vereadora, disponibilizando a autarquia farense para toda a colaboração necessária para a afirmação do projeto.
Álvaro Viegas sublinhou, entretanto, a importância da nova plataforma ser credível, sobretudo no que toca a dar resposta aos pedidos que sejam feitos pelos clientes, sejam eles consumidores finais ou intermediários para revenda. “O pior que pode acontecer é não termos capacidade produtora para assegurar as encomendas feitas, portanto, vai haver um grande cuidado na escolha dos aderentes. Só estarão na plataforma os produtos que tivermos para vender e nas quantidades disponíveis”, explicou o presidente da ACRAL.


Espanha, Alemanha, Inglaterra e França são os alvos prioritários

Na base do processo estará a plataforma de negócios e venda online «We Shop Algarve», cujos objetivos passam por aumentar a visibilidade internacional do Algarve e das suas empresas, bem como a promoção, divulgação, venda e negociação dos produtos típicos e regionais aqui produzidos, através da centralização da oferta num único espaço digital, assim como a sua promoção e divulgação assente em meios digitais. Entre os objetivos operacionais contam-se ainda aumentar o valor das exportações no volume de negócios das PME que integrarem o projeto e aumentar o conhecimento e a partilha sobre os mercados-alvo, que numa primeira fase serão Espanha, Alemanha, Inglaterra e França. A escolha teve por base o facto de estes serem alguns dos principais países emissores de turistas para o Algarve, pelo que estes visitantes já tiverem um primeiro contato com os produtos endógenos da região e, por ventura, até terão o desejo de os continuar a consumir nos seus locais de origem.
A sessão de apresentação e divulgação que teve lugar, no dia 16 de fevereiro, no auditório da CCDR Algarve, em Faro, foi a primeira ação efetiva do projeto e contou com ampla adesão de produtores, empresários e comerciantes. O passo seguinte consistirá na identificação dos setores/fileiras com maior potencial de comercialização e internacionalização, com a recolha e tratamento de informação das empresas aderentes; a identificação do potencial produtivo instalado e o seu grau de utilização; e a identificação e análise qualitativa e quantitativa dos referidos setores/fileiras, para organizar a oferta e a sua promoção nos mercados prioritários definidos.
Concluída esta primeira fase, será então implementada a plataforma «We Shop Algarve», após o qual será criado um plano de ação para a internacionalização dos setores/fileiras, onde constem as medidas a implementar nas empresas de cada setor/fileira, as regras de funcionamento e a uniformização de procedimentos, que serão assegurados pelas empresas aderentes. Outra ação importante é a realização de visitas de importadores ao Algarve para conhecerem, no terreno, a oferta disponível e para se estabelecerem relações de parceria com esses agentes para o escoamento das produções que tenham dimensão para esse efeito. Serão conduzidas igualmente reuniões em cada concelho para acompanhar a execução do projeto, auscultando os intervenientes para responder aos desafios que se coloquem, criando uma dinâmica de cooperação e capacitação de todos os envolvidos. Finalmente, será promovido um seminário de encerramento, divulgação e disseminação de resultados.
O «We Shop Algarve» tem como destinatários empresas de qualquer natureza jurídica, com sede no Algarve, que se dediquem à produção, transformação ou comercialização de produtos típicos algarvios, certificados ou não, nomeadamente: amêndoa, alfarroba, figo, azeitona, citrinos, batata-doce, uva, cortiça, frutos vermelhos, moluscos, bivalves, sal marinho, flor de sal, mel, enchidos, cabrito (carnes), queijo, azeite, conservas, doçaria regional, aguardentes, vinhos, licores, artesanato, entre outros.