O Museu Municipal de Loulé foi palco, no dia 22 de fevereiro, do «Be P-Art», uma produção da Associação Amarelarte, inserida no programa «365 Algarve», que pretende fazer a ponte entre o passado e o presente através de histórias, lendas e crenças. O espetáculo multidisciplinar combina teatro, música e projeção de imagens e termina com um buffet de sabores temporais.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

No passado dia 22 de fevereiro, ao final da tarde, com o pôr-do-sol como pano de fundo, o Museu Municipal de Loulé recebeu o espetáculo teatral «Be P-Art», uma criação de Nicole Lissy, da Associação Amarelarte, que procura ligar o passado e o presente por via de histórias, lendas e crenças e com uma participação bastante ativa do próprio público. Isto porque os espetadores, portugueses e estrangeiros, são convidados a interagir com as personagens e a comer com os atores no fim da performance, num ambiente informal de troca de ideias e opiniões.
A ênfase do espetáculo são detalhes e realidades fictícias, mas inspiradas na pesquisa histórica, sobre o Castelo de Loulé, baseando-se na época da reconquista Cristã por D. Afonso III e D. Peres Paio Correia, mas também abordando eventuais conflitos e ligação entre as duas grandes religiões: os muçulmanos e os cristãos. É, acima de tudo, uma fusão entre expressão visual, corporal, musical e sensorial, linguagens artísticas e universais para públicos de diferentes países, e que já tinha sido experimentado, em 2016, no Castelo de Paderne, ao abrigo do Programa DiVaM, da Direção Regional de Cultura do Algarve. “Ficou a vontade de continuar a criar de uma forma teatral bastante aberta, misturando disciplinas e incluindo o público, que não fica sentado ao lado do palco”, conta Nicole Lissy.
Para já, «Be P-Art» vai voltar a «cena», no Castelo de Loulé, nos dias 28 de março e 18 de abril, e no Castelo de Tavira, nos dias 10 de março, 8 de abril e 6 de maio, mas o desejo é percorrer mais monumentos da região, com a certeza de que nenhum espetáculo será exatamente igual ao seu antecessor. “Têm a ver com episódios da história do Algarve, com aqueles que permanecem na memória das pessoas, mas também com aqueles que ficaram esquecidos no tempo ou que foram contados de outras formas. Nós também criamos alguns aspetos e é perfeitamente possível combinar eventos políticos com tragédias pessoais. Há sempre heróis e vilões nas histórias”, levanta um pouco do véu, mas não em demasia, para não estragar a surpresa. “O objetivo é que o público sinta o que está a presenciar e reflita, de um modo mais profundo, ou simplesmente desfrute do que está a vivenciar. Normalmente é fácil definir quem é o «bom» e o «mau» dos espetáculos, mas aqui não existe nada disso, fica ao critério do espetador”, adianta Nicole Lissy.
Com diversas disciplinas em perfeita sintonia ao longo do «Be P-Art», a parte musical surge como uma agradável surpresa, interpretada por Rui Afonso e Luís Lourenço, que acompanham, com o seu repertório, todo o conceito artístico de uma forma bastante flexível. Ou seja, é quase como que uma banda sonora tocada ao vivo, enquanto decorre a ação, o que envolve ainda mais a assistência. “Os músicos têm um papel muito importante no espetáculo, praticamente vão criando a história à medida que ela se vai desenrolando, porque há muito pouco palavra. Há um livro com um pequeno texto em português e inglês, para contextualizar o que está a acontecer, e pouco mais”, explica a responsável pelo projeto.