Famosa pelos seus cursos
ligados ao turismo e às ciências do mar, a Universidade do Algarve possui, no
seu campus das Gambelas, uma estrutura menos conhecida da opinião pública, mas
que tem conquistado diversos prémios internacionais nos últimos anos. Falamos
do Centro de Investigação em Biomedicina, onde se estuda, desde a prevenção do
cancro da mama e a diabetes, à Medicina Regenerativa e à Biomedicina e
Tecnologia Molecular.
Texto: Daniel Pina |
Fotografia: Isa Mestre
É no polo das Gambelas da Universidade do Algarve que se
localiza o Centro de Investigação em Biomedicina, criado em 2015 e dedicado à
investigação e ao tratamento da doença. Composto por investigadores de diversas
áreas, o CBMR é o seguimento do antigo Centro de Biologia Molecular e
Estrutural, uma mudança ocorrida aquando da última avaliação dos centros de
investigação pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia por se tratar de um
laboratório associado a outras universidade do resto do país. “Houve
necessidade das instituições se separarem e assim nasceu o novo centro”,
explica Ana Teresa Maia, vice-diretora do CBMR. “Temos os nossos grupos
organizados em quatro grandes áreas temáticas – Mecanismos de Doença Molecular
e Celular; Biomedicina Molecular; Medicina Regenerativa; e Medicina
Tranlacional – e o objetivo final é o tratamento ou, pelo menos, a compreensão
de um mecanismo de doença. Nesse sentido, estamos igualmente integrados no
Centro Académico e Clínico do Algarve, o ABC – Algarve Biomedical Centre, um
consórcio entre a Universidade do Algarve e o Centro Hospitalar do Algarve”,
acrescenta a investigadora que tem trabalhado sobretudo na prevenção do cancro
da mama.
Investigação de topo que, como se sabe, não é fácil num país
de escassos recursos financeiros e onde a Ciência nem sempre tem sido bem
tratada, ainda para mais numa região como o Algarve que está bastante associada
ao turismo, nomeadamente ao sol e mar. Apesar disso, o CBMR tem obtido
resultados de excelência e reconhecidos além-fronteiras e para isso muito tem
contribuído o contributo da Universidade do Algarve. A este apoio juntam-se as
verbas atribuídas pelo poder central através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia,
sendo que os centros de investigação vão ser novamente avaliados em 2017. “Este
financiamento é suficiente para o funcionamento normal do centro, ou seja, para
a componente administrativa. Depois, como qualquer outro Centro do mundo,
concorremos a projetos e os próprios investigadores candidatam-se a bolsas. A
nossa investigação é internacional e, por isso, o nosso financiamento vem de
todos os pontos do globo”, indica Ana Teresa Maia.
A vice-diretora do CBMR reconhece, contudo, que muitos
algarvios não se apercebem da qualidade do trabalho ali realizado e que tem
sido constantemente premiado pela comunidade internacional, o que é bom, porque
os prémios não trazem apenas financiamento, mas também reconhecimento. “Uma das
nossas desvantagens é, realmente, a economia do Algarve estar bastante centrada
no turismo e nem sempre é fácil conseguir direcionar fundos para a
investigação, nomeadamente aquela em torno da saúde. Mas nunca nos damos por
vencidos e temos desenvolvido contatos com a CCDR e a ARS para tentar melhorar
o financiamento para esta área”, aponta, revelando ainda que este centro é
muito eclético no que toca aos seus elementos. “O nosso diretor é sueco e temos
diversos colegas estrangeiros. Para além disso, muitos dos chefes de equipa que
são portugueses tiveram experiências além-fronteiras e eu própria estive 13
anos em Inglaterra. Outros trabalharam nos Estados Unidos e no Canadá e isso
alargou imenso a nossa rede de contatos, de modo que a nossa investigação não
está fechada no Algarve, antes pelo contrário”.